As anunciadas manifestações a favor e contra o regime angolano (aquele que é dirigido há 32 anos por um presidente nunca eleito) trazem-me à memória um episódio que data de 28 de Julho de 2007.
Nesse dia, na Faculdade de Economia do Porto (Portugal) realizou-se uma conferência sobre o processo eleitoral em Angola. Caetano de Sousa, presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), foi o orador principal do evento ao qual compareceram cerca de 200 angolanos de primeira e mais meia dúzia de segunda.
Com uma hora de atraso, o encontro começou com o aplauso da assistência à entrada do Embaixador de Angola, Assunção Afonso Sousa dos Anjos, bem como das cônsules em Lisboa e no Porto, respectivamente Elisabeth Simbrão e Maria de Jesus dos Reis Ferreira, e ao orador convidado.
Por deficiências sonoras, que nada preocuparam a assistência, pouco percebi do que disse o Embaixador ou do que afirmou Caetano de Sousa. Também é certo que, diga-se em abono da verdade, abandonei a sessão no início da intervenção do presidente da CNE.
E abandonei a sessão porque descobri que, afinal, o meu lugar não era ali. E descobri isso graças à oportuna explicação de gente ligada à organização, presumo que do Consulado no Porto.
Explico. No meio dos tais 200 cidadãos presentes estavam pouco mais de meia dúzia de brancos, mesmo contando com o meu velho amigo Ricardo Pereira que ali se encontrava a fotografar ao serviço do Consulado.
Durante a sessão, algumas pessoas foram distribuindo pela assistência um pequeno papel que, tempos depois recolhiam. Presumo que se tratava de perguntas sobre o processo eleitoral e destinadas aos oradores.
Reparei (talvez por deficiência profissional) que esses papéis não eram entregues aos cidadãos brancos que, se não eram angolanos eram, pelo menos, amigos de Angola. Não creio que estivessem ali como penetras apenas para o faustoso beberete que estava a ser montado para o fim da festa.
Interpelei então uma das pessoas que distribuía os ditos papéis, perguntando-lhe se eu não teria direito a um deles.
A resposta foi clara e inequívoca:
“- Isto é só para angolanos”.
A tradução desta afirmação é fácil, já que nenhum dos 200 cidadãos presentes trazia qualquer rótulo a dizer: “Sou angolano”. Ou seja, queria dizer: “Isto é só para angolanos negros”.
Assim sendo, e porque sou angolano… mas branco, não tive outro remédio que não fosse abandonar a sala. Triste, é certo. Magoado, é claro. Mas como nada posso fazer quanto ao local em que nasci, ao país que amo, e muito menos quanto à minha cor, a solução foi ir embora.
Com uma hora de atraso, o encontro começou com o aplauso da assistência à entrada do Embaixador de Angola, Assunção Afonso Sousa dos Anjos, bem como das cônsules em Lisboa e no Porto, respectivamente Elisabeth Simbrão e Maria de Jesus dos Reis Ferreira, e ao orador convidado.
Por deficiências sonoras, que nada preocuparam a assistência, pouco percebi do que disse o Embaixador ou do que afirmou Caetano de Sousa. Também é certo que, diga-se em abono da verdade, abandonei a sessão no início da intervenção do presidente da CNE.
E abandonei a sessão porque descobri que, afinal, o meu lugar não era ali. E descobri isso graças à oportuna explicação de gente ligada à organização, presumo que do Consulado no Porto.
Explico. No meio dos tais 200 cidadãos presentes estavam pouco mais de meia dúzia de brancos, mesmo contando com o meu velho amigo Ricardo Pereira que ali se encontrava a fotografar ao serviço do Consulado.
Durante a sessão, algumas pessoas foram distribuindo pela assistência um pequeno papel que, tempos depois recolhiam. Presumo que se tratava de perguntas sobre o processo eleitoral e destinadas aos oradores.
Reparei (talvez por deficiência profissional) que esses papéis não eram entregues aos cidadãos brancos que, se não eram angolanos eram, pelo menos, amigos de Angola. Não creio que estivessem ali como penetras apenas para o faustoso beberete que estava a ser montado para o fim da festa.
Interpelei então uma das pessoas que distribuía os ditos papéis, perguntando-lhe se eu não teria direito a um deles.
A resposta foi clara e inequívoca:
“- Isto é só para angolanos”.
A tradução desta afirmação é fácil, já que nenhum dos 200 cidadãos presentes trazia qualquer rótulo a dizer: “Sou angolano”. Ou seja, queria dizer: “Isto é só para angolanos negros”.
Assim sendo, e porque sou angolano… mas branco, não tive outro remédio que não fosse abandonar a sala. Triste, é certo. Magoado, é claro. Mas como nada posso fazer quanto ao local em que nasci, ao país que amo, e muito menos quanto à minha cor, a solução foi ir embora.
2 comentários:
Antigamente haviam os brancos de segunda. Agora há os angolanos de segunda. É preciso mudar as coisas para tudo ficar na mesma, como alguém no passado disse.
"Quem cala consente"!
Talvez um «O que o faz pressupor que não sou Angolano?» fosse suficiente para "abrir" a mente dessa pessoa e lembrar-lhe que Angola não é um país de cidadãos apenas de raça negra!
Aliás, mesmo depois da descolonização continua a mistura de raças com povos de outras paragens que não Portugal...
A nossa terra é de todos: Negros, Brancos e Mestiços!
Todos temos Direito a ser Angolanos, mesmo que tenhamos outro tom de pele!
É tudo uma questão de Mentalidades...
Enviar um comentário