sexta-feira, março 04, 2011

Quando não se quer acreditar na mensagem, será que o melhor é matar o mensageiro?

A manifestação anti-governamental que está a ser convocada para o próximo dia 7, em Luanda, "não tem credibilidade" e constitui "mais um artifício para proteger o regime" de José Eduardo dos Santos.

Esta opinião, respeitável como qualquer outra, é de Isaías Samakuva. O líder da UNITA entende, e terá com certeza as suas razões, que a manifestação do dia 7 é uma jogada do regime, não se sabendo, contudo, o que pensa da anti-manifestação marcada para amanhã.

Isaías Samakuva considera que a iniciativa, que está a ser anunciada nas redes sociais, SMS e em vários sítios da Internet, "não tem bases em que se apoie, porque os seus organizadores não se identificam, o que leva a crer que é apenas um artifício arranjado pelo Governo angolano".

Em síntese, a credibilidade da manifestação do dia 7 mede-se apenas em função dos organizadores. Como são anónimos, trata-se de algo sem consistência e de mais uma jogada do regime. Se a mesma tivesse rosto declarado, então sim, já não seria uma jogada do MPLA e passaria a ser algo de válido.

Por outras palavras, para a UNITA o importante não é a mensagem mas, isso sim, o nome do mensageiro.

O Presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) acusou ainda o regime de José Eduardo dos Santos de estar a preparar para os próximos dias um "cenário de confusão" que conduza ao "assassinato selectivo" de adversários políticos.

Curiosamente, Alcides Sakala, numa nota de Imprensa da UNITA, diz que o partido “apoia e encoraja todas as formas de luta democrática, constitucionalmente consagradas, desde a greve de fome à manifestações pacíficas para reivindicar direitos políticos e sociais consagrados por lei”.

Contradição? Não. Apenas a UNITA no seu real figurino de partido satisfeito por ter 10% dos votos dos angolanos e que, pelo sim e pelo não, prefere ser fuba do mesmo saco do regime.

Vejamos, sem esquecer as teses de Samakuva, o que disse Alcides Sakala: “As greves, as marchas e as manifestações são formas legítimas de luta que os angolanos têm utilizado contra as diversas ditaduras que ocuparam a Cidade Alta no século passado, antes e depois da declaração da independência”.

“Trinta e cinco anos depois da independência, os angolanos continuam vítimas de exclusão social e de intolerância política, que se manifestam através da negação selectiva do direito à liberdade, à educação de qualidade, ao acesso igual à cargos públicos, ao salário justo, à habitação e à plena cidadania; manifestam-se ainda através de prisões arbitrárias, sequestros e assassinatos políticos selectivos, praticados ou promovidos pelas autoridades públicas”.

“A UNITA vem denunciando e protestando sistematicamente contra estes atentados à vida, à liberdade e à dignidade humana. Utilizamos todos os meios pacíficos para repudiar e combater a tirania do Partido-Estado. O mais recente, foi a greve de fome encetada pelo Deputado Abílio Kamalata Numa, no Bailundo, no princípio do mes de Fevereiro de 2011 para protestar contra prisões arbitrárias e contra nove assassinatos políticos que a ditadura engendrou contra cidadãos que se manifestaram contra ela.”

“Em Angola, o processo democrático é irreversível e a atitude dos defensores da ditadura também é irreversível, pelo que devemos todos aprender com os ensinamentos da história recente da África do Magreb.”

Afinal a UNITA situa-se a onde? Costuma dizer-se que quem não tem cão caça com gato. Mas, neste caso, tudo indica que o Galo Negro não tem cão, não tem gato, não tem azagaia nem sequer tem uma fisga.

2 comentários:

Reflectindo disse...

Sabem qual é problema de líderes da oposicão como Isaias Samakuva? É sempre tomarem posicões sozinhos ao invés de reunirem o colectivo para discutir um assunto sério como o tal. E aí, ficam eles superados pelos seus oponentes, pois que o MPLA até se reuniu.

Anónimo disse...

"BASTA" de aventuras.
Há aventuras a mais e trabalho fecundo a menos na "oposição" (ou "clientela") angolana e nesse aspecto a UNITA está a ser apenas previdente ao não pisar "minas e armadilhas" lançadas ao que se julga por outros.
Quanto à "mensagem", ela é básica, emocional, não possui nem conteúdo programático, nem opções claras como alternativas, a que se junta o anedótico do anonimato persistente e inconsistente.
Será que essa "mensagem" BASTA para mover montanhas?