quarta-feira, janeiro 14, 2009

Angola, Obama e petróleo
Petróleo, Angola e Obama

O governo angolano espera que a administração norte-americana liderada pelo presidente eleito Barack Obama, que toma posse no dia 20, dê um novo impulso às “já boas relações” entre Luanda e Washington.

«As expectativas criadas em torno deste novo actor dos palcos mundiais deixa antever grandes desilusões. Não por Obama não ser capaz de fazer um bom trabalho, mas sim porque a aura messiânica que se criou à sua volta é tudo menos realista. Concentramos numa única pessoa a missão de salvar o mundo e, por muito poder que o presidente dos EUA tenha, não lhe cabe este papel», afirma Liliana Castro na secção “Ser Europeu” do Notícias Lusófonas (*).

Em declarações à Agência Lusa, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores de Angola, Abreu de Braganha, disse que, assim como um pouco por todo o lado, também em Angola a eleição de Obama foi recebida “com muita alegria”.

Abreu de Braganha citou ainda que a posição estratégica que Angola ocupa na região austral africana também constitui uma vantagem na relação com os Estados Unidos. E se a souber usar...

“É com agrado que verificamos que Angola é um país importante para os EUA. Temos recebido muitas visitas de governantes e militares dos EUA e acredito que a nossa posição geoestratégica poderá também influenciar as relações com Washington”, frisou.

É verdade. Então essa referência às visitas de militares dos EUA tem muito que se lhe diga. É só aguardar mais uns meses.

Por sua vez, o analista político Justino Pinto de Andrade disse que a expectativa que possui “não é propriamente em relação a algo de positivo que possa acontecer para Angola”, porque “o mais importante” é que as medidas de caráter econômico que Obama vai tomar para os EUA ultrapassarem a crise “vão influenciar a estabilidade dos outros países”.

A diferença de opinião entre Justino Pinto de Andrade e Abreu de Braganha mostra, contudo, que o primeiro tem uma visão universalista e global, enquanto o segundo olha mais para um umbigo. Não deixam, contudo, de ser opiniões válidas.

Em relação aos conflitos mundiais, o analista afirmou que Obama está mais aberto na solução e tentativa de resolver os conflitos.

Em relação a Angola, Justino Pinto de Andrade destacou que “vai continuar a ter importância para os EUA como fornecedor de petróleo”, todavia frisou que a intenção de Barack Obama iniciar uma política de não dependência do petróleo poderá ser má para os países fornecedores.

Eis o ponto. O petróleo. Lateralmente, tal como afirma Abreu de Braganha, Justino Pinto de Andrade também acredita que os EUA vão “emparceirar com Angola na resolução dos conflitos regionais”.

“Angola é um actor relevante, tem fama de rico, militarmente é forte, é um país estável, rodeado de países instáveis como a República Democrática do Congo, o Zimbábue. Acho que a administração Obama vai procurar dialogar com quem é estável”, apontou.

Também o director do jornal angolano O País, Luís Fernando, aponta a “mudança” como o momento essencial da chegada de Obama à Casa Branca, considerando o facto de ser negro como um “detalhe”.

O jornalista admite que com uma nova visão do mundo, Obama “vai aproximar África” dos palcos mundiais, substituindo “a tradicional caridade” e os “interesses imediatos” como o do petróleo pela “diplomacia e pela política” de fundo.Quanto a Angola, Luís Fernando recorda que enquanto país “estável e com capacidade de influência na região Austral e no continente”, não deixará de ser “olhado com atenção” pela administração Obama.

“Atenção essa que será ainda mais afinada se tivermos em conta que Angola é um dos grandes produtores de petróleo africanos”, notou.

(*)
http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=21880&catogory=Ser%20Europeu

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