Duas equipas da polícia moçambicana foram atacadas nas últimas 72 horas, em Maputo, por grupos armados ainda a monte, durante acções de patrulhamento, a última das quais interceptada no próprio parque de estacionamento da Polícia de Investigação Criminal.
A primeira equipa de agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) foi atacada, na segunda-feira, quando um grupo armado abriu fogo contra uma viatura que transportava os polícias em missão de patrulhamento nos bairros da cidade de Maputo.
Os atacantes decidiram disparar contra a viatura da PRM, alegadamente após se sentirem ameaçados pela presença policial no local onde se encontravam, na Coop, um bairro luxuoso da capital do país.
O porta-voz do comando da PRM, Pedro Cossa, disse aos jornalistas que, face à acção dos presumíveis malfeitores, os agentes responderam disparando, iniciando assim um tiroteio que resultou no ferimento de dois polícias de protecção, imediatamente transportados para o Hospital Central de Maputo (HCM).
O segundo grupo de agentes da PRM foi atacado ainda no parque de estacionamento da Polícia de Investigação Criminal, na terça-feira, quando se preparava para iniciar a ronda diária de patrulhamento pelas artérias da capital moçambicana.
Em consequência dos ataques, pelo menos quatro agentes ficaram feridos, mas já não correm perigo de vida, segundo o director do Serviço de Urgência do HCM, Raul Cossa.
O ataque contra os agentes da polícia tem vindo a aumentar o clima de insegurança que se vive em Maputo, sobretudo por pairar a ideia de que as "gangs" criminosos têm vindo a ganhar a batalha.
Num espaço de um mês, Maputo assistiu ao assassínio do director da Ordem e Segurança Pública, Feliciano Juvane, morto a tiro na sua própria residência, a fuga das celas do comando da PRM de três perigosos cadastrados, incluindo Aníbal dos Santos Júnior, "Anibalzinho", líder da quadrilha que assassinou o jornalista Carlos Cardoso, em 2000, e o ataque a uma esquadra na Matola, nos arredores da capital.
A morte do director da Ordem e Segurança Pública e a fuga de "Anibalzinho", ainda em parte incerta, ditaram a exoneração do comandante-geral da Polícia, Custódio Pinto, e instauração de processos disciplinares a cinco agentes superiores da corporação, acusados de "negligência" na evasão dos reclusos.
A RENAMO já exigiu a demissão do ministro do Interior moçambicano, José Pacheco.
Na quarta-feira, o ex-director da Polícia de Investigação criminal e deputado à Assembleia da República pela bancada da FRELIMO, António Frangoulis, considerou haver um "descontentamento generalizado" no seio da polícia e sugeriu que os ataques aos polícias ocorrem devido "à falta de promoção de oficiais competentes" que trabalham na corporação há mais de 30 anos.
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