Com ou sem Alta Autoridade para a Comunicação Social, com ou sem Entidade Reguladora para a Comunicação Social, com ou sem Autoridade da Concorrência, de há muito que os diferentes governos de Portugal estavam alertados para o que ia acontecer. Todos se venderam por um prato de lentilhas.
Recupero mais uma vez e tantas quantas for necessário, um texto que publiquei sobre este assunto no dia 28 de Novembro de... 2001:
A crise, seja ela qual for, exista ou não, é sempre uma solução para os problemas que afectam a Comunicação Social portuguesa e que, muitas vezes, resultam apenas de um simples factor - a incompetência.
Porque o primado da competência não é fundamental, as empresas apostam tudo na procura de problemas para a solução, de modo a que as suas linhas de enchimento trabalhem apenas para os poucos que têm milhões e não, como seria de esperar, para os milhões que têm pouco.
Assim sendo, a crise é um remédio que dá para tudo, que se utiliza quando dá jeito e que, infelizmente, serve quase sempre para manter no poleiro os «filhos», mesmo que estes para contar até 12 tenham de se descalçar.
Este ano, a fazer fé nos políticos da nossa economia (não tanto nos economistas da nossa política), a Comunicação Social portuguesa está em crise, sobretudo graças a um retraimento (duvidoso) do investimento publicitário.
Solução? Contenção dos custos.
É sempre assim. Não encontram (nem querem encontrar) a estrada da Beira e o mais simples é ficarem na beira da estrada.
E como se faz a contenção? Reduzindo o número de trabalhadores.
Quando será que alguém se preocupará em ultrapassar (se calhar até mesmo em evitar que ela chegue) a crise aumentando a produtividade dos trabalhadores e não despedindo-os?
Quem manda não pensa nisso. É claro que não. São pagos para executar e não para pensar. Como são pagos para multiplicar cifrões, custe o que custar, escolhem a solução mais imediata - diminuir custos/despedir pessoal.
Poderiam fazer melhor. Muito melhor. Ou seja, investir nas ideias e na capacidade, aumentando necessariamente a produtividade.
Mas isso é complicado num país que só sabe fazer o possível e que anda a reboque dos que lideram graças ao facto de, muitas vezes, transformarem o impossível em possível.
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