No dia 28 de Novembro de 2009 descrevi aqui algumas experiências directas que tive no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (Portugal), Unidade Hospital Padre Américo (Penafiel). Delas dei, aliás, conhecimento directo à Administração liderada por José Alberto Marques.
Como é óbvio, não tive resposta. E o silêncio, para não dizer a sobranceria típica dos donos da verdade, faz-me lembrar que em Janeiro de 2008, quando confrontado com a insatisfação manifestada pela população de Felgueiras com o encerramento do SAP (Serviço de Atendimento Permanente) local, Alcindo Salgado Maciel Barbosa, então presidente da Administração Regional de Saúde do Norte, foi lapidar: “As pessoas têm direito a ter expectativas, mas não têm direito a ter opinião".
E a regra deve ser essa: não ter opinião. Mas, como sempre, as regras ditatoriais não se aplicam aqui no Alto Hama.
Recordo o que se passou em Penafiel. Por necessidade de pessoa da família, com 84 anos de idade, tive de estar na Unidade Hospital Padre Américo várias vezes no espaço de 15 dias.
Num desses dias, a pessoa em questão deu entrada às 14 horas e foi vista pelo médico às 18,45 horas. Esteve, portanto, quase cinco horas numa cadeira de rodas à espera da sua vez. E depois de vista pelo médico ainda aguardou mais duas horas e meia pelo resultado da análise ao sangue e à urina.
Tendo estado três vezes em 15 dias na urgência do Hospital Padre Américo pelo mesmo problema, dá para comparar a forma, a metodologia, a eficácia, a funcionalidade e o profissionalismo dos três médicos diferentes que a consultaram.
O primeiro fez o diagnóstico que certamente achou mais correcto, tendo para isso prescrito os medicamentos que entendeu necessários. Como não se viam melhoras, a doente volta à urgência e, é claro, é vista por outro médico. Este indigna-se com os medicamentos receitados pelo colega, dasabafa alguns impropérios, e receita nova medicação.
Dias depois a doente continua igual, ou seja mal, e volta à urgência. Novo médico, novas censuras aos colegas e, como é óbvio, nova medicação.
Caricato? Se calhar não. Mas que alguma coisa vai mal, isso vai. Apesar disso, reconheço, Portugal deve estar melhor do que, por exemplo, a Guiné-Bissau (isto para não estar sempre a falar do Burkina Faso).
Já agora, volto ao brilhantismo socialista de Alcindo Salgado Maciel Barbosa para quem – repita-se – os portugueses “não têm direito a ter opinião".
De facto, os portugueses, sobretudo os que frequentam como utentes os SAP, já desconfiavam que os seus direitos estavam a ser ultrajados. Passaram a ter a certeza. É-lhes mantido, por enquanto e segundo Maciel Barbosa, o “direito a ter expectativas” mas não - é claro – o direito a ter opinião.
Opinião podem ter, calculo eu, os donos da verdade da política portuguesa, começando pelo primeiro-ministro e acabando no primeiro-ministro, com algumas excepções devidamente autorizadas pelo primeiro-ministro.
Bem vai dizendo, enquanto tiver direito a ter opinião, António Barreto que José Sócrates “não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação”.
E enquanto José Sócrates, com a ajuda de todos os Macieis Barbosas deste deserto, não me impedir de ter opinião, fiquem sabendo que na minha opinião este primeiro-ministro português é, de facto, “a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas”.
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