sábado, junho 26, 2010

Que vergonha, Dr. Fernando Nobre

“É evidente que hoje não passa pela cabeça de ninguém que Angola não vá de Cabinda ao Cunene. Assim ficou definido no momento da independência”, disse hoje Fernando Nobre, relegando para as calendas os legítimos direitos dos cabindas que, pelo menos até hoje, acreditavam na força da razão.

Agora ficou claro que, também para Fernando Nobre, o que conta é a razão da força. Mesmo assim, os cabindas vão continuar a sua luta. Eles, como até há pouco Fernando Nobre, sabem que só é derrotado quem deixa de lutar.

Fernando Nobre deixou de lutar por esta causa. Foi derrotado. E, pela aragem, esta será apenas a primeira de muitas outras derrotas. Isto porque, na minha opinião, é cada vez menor a fronteira entre Manuel Alegre, Cavaco Silva e Fernando Nobre.

Essa de que Angola vai de Cabinda ao Cunene devido à independência não lembraria ao Diabo.

Ainda quero ver o que dirá Fernando Nobre quando, um dia destes, na altura em que a cobardia internacional, com Portugal à cabeça, deixar de ser moeda de troca com o petróleo, chegar a vez de Cabinda ter voz e direitos não como território ocupado, ou como colónia de Angola.

E eu penso o mesmo que até agora pensava Fernando Nobre. Ou seja, que desde há muito tempo que Cabinda não faz parte de Angola e que, por isso, deve ser um país independente. Dir-me-ão alguns (presumo que desde hoje também Fernando Nobre), sobretudo os que se julgam donos de uma verdade adquirida nos areópagos da baixa política angolana ou portuguesa, que isso é uma utopia.

Mais coisa menos coisa, são os mesmos que há umas dezenas de anos diziam o mesmo a propósito da independência de Angola, de Moçambique, da Guiné-Bissau, de Cabo Verde, de Timor-Leste. São os mesmos que há pouco tempo diziam algo semelhante a propósito do Kosovo. São os mesmos que nesta altura dizem o mesmo quanto ao País Basco.

Mas, tal como se disse em relação a Angola e ao Kosovo, um dia destes estará por aqui alguém a falar da efectiva independência de Cabinda, por muito que isso custe às serôdias ideias de Fernando Nobre.

Até que esse dia chegue continuará a indiferença (comprada com o petróleo de Cabinda), seja de Portugal, da Comunidade de Países de Língua Portuguesa ou até mesmo da comunidade internacional.

Portugal continua, como vem sendo hábito recente e agora também com o apoio de Fernando Nobre, de cócoras porque – com razão – teme que qualquer hostilidade em relação ao soba de Luanda possa fazer com que Angola retire a Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre Portugal. E se isso acontecer será uma chatice.

É por isso que Cabinda nunca consta oficialmente da agenda de encontros oficiais entre o consórcio que lidera a OPA e as entidades que gerem Portugal, caso do Governo e do presidente da República.

Eu sei que, no contexto africano, Portugal é do ponto de vista prático uma carta fora do baralho. Cada vez mais o poder do MPLA entende que as autoridades portuguesas fazem tudo o que ele quiser. Até agora tem sido assim. Até conseguem que Anibal Cavaco Silva, enquanto presidente da República, quando fala de Angola sinta necessidade de esclarecer que o país vai de Cabinda ao Cunene, até conseguiram ter Fernando Nobre do seu lado.

Mas, como dizia o Mais Velho, ainda é a dor que nos faz andar, ainda é a angústia que nos faz correr, ainda são as lamúrias e as lamentações, que de vários cantos do país nos chegam, que nos fazem trabalhar; ainda é a razão dos mais fracos contra os mais fortes que nos faz marchar.

Pena é que Fernando Nobre tenha desistido dessa luta...

3 comentários:

Carla Antunes disse...

“É evidente que hoje não passa pela cabeça de ninguém que Angola não vá de Cabinda ao Cunene. Assim ficou definido no momento da independência”, disse hoje Fernando Nobre, relegando para as calendas os legítimos direitos dos cabindas que, pelo menos até hoje, acreditavam na força da razão.

Este Nobre é mais “um” a querer o tacho mais gordo, é tudo M. do mesmo saco.
Primeiro há que lembrar caso se esqueceu, ou ensinar caso não o saiba, que:

1˚.- Em Angola nunca existiu independência, existiu isso sim venda deste território aos Russos através dos capatazes do MPLA, e abandono de armas, bandeira, e populações.

2˚.- Cabinda constava como um protectorado de Portugal pelo tratado de SIMULAMBUCO aos 22 de Janeiro de 1885. Tratado que se considera extinto a partir do dia 25 de Abril de 1974 e, logo Cabinda legitimamente passaria a território independente.
O facto de não ter existido o acto cívico e oficial como independência, mas abandono e entrega do povo de todas as raças e credos de Angola. Cabinda foi relegada ao esquecimento (ou desprezo) pelas “autoridades” portuguesas do maldito MFA, aproveitando-se disso os soviéticos-via- cubanos+os capatazes do MPLA.
VIVA CABINDA LIVRE, VIVA O POVO DE CABINDA, fora com o Nobre que de Nobre só o nome.

Anónimo disse...

A mim, já quase nada me surpreende.
Contudo pensava, que este Fernando Nobre, tendo nascido em Angola, tivesse mais conhecimento da história de Cabinda.
CABINDA LIVRE

CARLOS BRANDÃO

Anónimo disse...

C.Silva
Quando era pequenino e alguem ou grupo de cidadãos se reuniam com o espirito de ajudar os outros, o seu objectivo era ajudar procurando dar os seus tempos livres para essa ajuda.Hoje as organizações de ajuda nacional e internacional estão cheias de empregados e defendem empregos, como tal, são empresas que não pagam IVA, impostos, conseguem fazer transferencias para o estrangeiro, com apoio do ministério das finanças, etc.. Portanto nada disto me surpreende muito menos o que diz o senhor.Um pais com tanto comentador por metro quadrado que opina sobre tudo com tanta desenvoltura não deve estar preocupado com o futuro, pois com tanta inteligência não haverá problema.Até o Prof.Dr.Mestre e comentador deu-se ao lucho de dizer que o Dr.Defensor Moura era ex. presidente da câmara do PSD e candidato de direita mas sem expressão,quando o homen foi presidente em viana do castelo pelo Ps e o Dr.Prof.comentador pertençe à assembleia de Celorico de Basto que é bem perto está tudo dito.