O activista de direitos humanos na colónia angolana de Cabinda, André Zeferino Puati, preso há cerca de cinco meses, acusado de crime contra a segurança da potência colonial (Angola) que, em 11 de Novembro de 1975, tomou conta do território, até então protectorado de Portugal, vai conhecer a sentença na próxima quarta-feira.
É verdade que só nessa data a vai conhecer embora, de facto, a sentença tenha já sido lavrada antes do julgamento começar, desde logo porque nesta matéria a potência colonial tem uma regra de ouro: até prova em contrário todos são culpados.
André Zeferino Puati, funcionário da petrolífera Cabinda Golf que tem todos os seus direitos laborais suspensos desde a prisão, começou a ser figurante nesta encenação de julgamento no passado dia 24 de Maio, embora esteja detido desde Janeiro.
Dizem as autoridades coloniais, que nesta matéria herdaram e melhoraram os métodos da PIDE, que Puati tinha na sua possse documentos retirados da internet que dão sustentabilidade à acusação de crime contra a segurança.
A sua detenção, e de outros seis activistas, ocorreu na sequência do ataque armado contra as forças angolanas que faziam segurança à selecção de futebol do Togo, em Janeiro, que se deslocava a Cabinda para disputar o Campeonato Africano das Nações de Futebol (CAN 2010), e do qual resultaram dois mortos.
Angola, como potência colonial, não aceita que tenha garantido a todo o mundo que em Cabinda se vivia num reino celestial de paz, amor e segurança e que os activistas tenham demonstrado o contrário.
Vai daí, levaram, levam e levarão a cabo uma enorme caça ao homem de que resultou a prisão de uma série de pessoas que, segundo Angola, eram suspeitas até prova em contrário. Suspeitas de quê? Isso pouco interessa a Luanda e ao MPLA. São suspeitas e ponto final.
Desde Janeiro estão detidos um advogado, Francisco Luemba, um padre, Raul Tati, um engenheiro, Barnabé Paca Peso, dois economistas, Belchior Tati e António Panzo, um funcionário da petrolífera Cabinda Golf, Zeferino Puati e um ex-polícia, José Benjamin Fuca.
Ao que parece, a farsa de julgamento de Francisco Luemba, Raul Tati e Belchior Tati poderá ter início a 23 de Junho. Isto se, até lá, nenhum deles tiver morrido por manifesta incapacidade de sobreviver em tão execráveis e humilhantes condições prisionais.
É certo que movimentos ligados aos direitos humanos têm contestado as referidas detenções e chegaram até, por ingenuidade quando aos métodos colonialistas de Angola, a programar, há uma semana, uma manifestação contra “as detenções arbitrárias” que, naturalmente, não foi autorizada pelo governo colonial angolano.
E enquanto a farsa segue dentro de momentos, a comunidade internacional, com o reino lusitano à cabeça, continua a ver no petróleo de Cabinda a sua única razão de existência.
Sem comentários:
Enviar um comentário