quinta-feira, junho 17, 2010

PSD viabiliza relatório mas mete a moção de censura na gaveta onde o PS pôs o socialismo

Ao que parece o PSD vai votar a favor e viabilizar o relatório da Comissão de Inquérito Parlamentar à tentativa de compra da TVI, que conclui que o primeiro-ministro, José Sócrates, e o Governo tinham conhecimento deste negócio. Fora fica, pois claro, a moção de censura...

Conhecimento oficial ou oficioso? Em que qualidade (primeiro-ministro às segundas, quartas e sextas, cidadão às terças, quintas e sábados) José Sócrates tomou conhecimento? Esta é a grande questão... pelo menos para os que (ainda) seguem o sumo pontífice do PS.

O PSD junta-se assim, tanto quanto parece, ao PCP, BE e CDS-PP.

A proposta de relatório apresentado pelo deputado João Semedo do BE conclui que o primeiro-ministro e o Governo “tinham conhecimento” da operação da TVI e que o Governo interveio por duas vezes no negócio. Tal como concui que a tentativa de compra da TVI pela PT tinha a perspectiva da alteração da linha editorial da estação.

Como sabem os portugueses que ainda têm pachorra para estas coisas parlamentares, e ao contrário do que diz o relatóro, o primeiro-ministro não mentiu porque, obviamente, quem foi informado da operação foi o cidadão José Sócrates.

Além disso, se tivesse mentido... lá teria o PSD de apresentar uma moção de censura. Como prometera mas, é claro, já na perspectiva de que isso não iria contecer.

O primeiro-ministro reagiu afirmando que "no relatório da comissão não é referido nenhum facto que possa sustentar as acusações" que lhe foram dirigidas "ao longo de meses a fio". Sócrates, habitual – nas suas palavras – vítima de campanhas negras e coisas similares, lamentou que o relator "não tenha também tido a coragem de escrever isso mesmo, preto no branco".

Por sua vez, o vice-presidente da bancada do PS, Ricardo Rodrigues (esse mesmo que para dar ênfase à liberdade de imprensa em Portugal furtou os gravadores aos jornalistas da revista Sábado) rejeitou que se possa concluir que o primeiro-ministro mentiu ao Parlamento, e Francisco Assis, líder parlamentar que se solidarizou com o deputado na questão dos gravadores, acusa "os que se empenharam em lançar esta campanha caluniosa contra o primeiro-ministro e contra o PS" de não serem capazes "de sustentar com rigor essas acusações”.

Como se calcula, José Sócrates continua a ser uma vítima inocente, mau grado os socialistas consideraram que os portugueses devem tudo ao seu líder. Tudo, a título de exemplo, significa 700 mil desempregados, 20% de população na miséria e outros 20% com ela já à porta.

Mais claro foi Marcelo Rebelo de Sousa. Para ele, "obviamente, o Governo sabia e o primeiro-ministro sabia, mas a comissão, formalmente, confirmou-o e, nesse sentido, pode dizer-se que não é uma confirmação boa para o Governo".

O deputado do PCP, João Oliveira, defende que o primeiro-ministro faltou à verdade (faltar à verdade quererá dizer mentir?).

O relatório da comissão de inquérito à tentativa de compra da TVI conclui que o Governo e o primeiro-ministro “tinham conhecimento” da operação da PT, e que o Executivo interveio em duas fases diferentes do processo.

O relatório dá como adquirido que José Sócrates, enquanto primeiro-ministro, tinha conhecimento do negócio quando disse na Assembleia da República que não sabia e, para o provar, aponta, entre outros elementos, as próprias respostas do primeiro-ministro à comissão de inquérito.

No relatório, João Semedo nunca utiliza a palavra “mentir”, optando por referir que, factualmente, “as afirmações do primeiro-ministro contrastam com a informação de que o Governo dispunha”.

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