O “almirante vermelho”, Rosa Coutinho, é hoje recordado no Jornal de Angola (JA), órgão oficial do regime do MPLA, que é dono do país desde 11 de Novembro de 1975, sobre o papel que desempenhou na (in)dependência do país.
O JA dedica-lhe, como não poderia deixar de ser e mesmo pecando por defeito, uma página e uma pequena chamada à capa. Como são pobres e mal agradecidos os donos de Angola. Pelos trabalhos prestados ao MPLA, o JA bem podia dedicar-lhe toda a edição.
Com o título “O papel de Rosa Coutinho na Independência de Angola” e com o ante-título: “Morte de um amigo de Angola”, o único diário generalista do país e do MPLA lembra que o almirante desempenhou “um papel fulcral” nesse período.
É verdade. Fulcral às ordens, entenda-se, do MPLA e protegido por toda a escumalha que na altura (alguns ainda por aí andam) dominava as ocidentais praias lusitanas.
O Jornal de Angola, na resenha histórica sobre o papel de Rosa Coutinho na entrega unilateral do país ao MPLA, recorda o protagonismo do “almirante vermelho” na revolução laboral de Abril de 1974 em Portugal e, é claro, na actividade do oficial português no processo que desde o início tinha apenas um único objectivo: entragar Angola aos camaradas do MPLA.
Ontem, recorde-se, tanto a UNITA como a FNLA, os dois movimentos que disputaram o poder com o MPLA na fase de transição do regime colonial para a independência, criticaram o papel de Rosa Coutinho o qual, afirmaram, beneficiou de forma clara e parcial o partido de Agostinho Neto, permitindo que o MPLA proclamasse a independência no dia 11 de Novembro de 1975.
O texto, publicado hoje no Jornal de Angola, que não é assinado mas que é subscrito pelo dono do país, José Eduardo dos Santos, termina com a frase: “Ontem Angola perdeu um bom amigo”.
De facto, se Angola é o MPLA e o MPLA é Angola, perderam um bom amigo. Se Angola são os angolanos, então o país deve estar em festa porque Rosa Coutinho era um inimigo.
De acordo com outro corajoso militar que ao primeiro tiro se metia debaixo da berliet agarrado à cabeça, o presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, Rosa Coutinho também foi um herói.
E é assim a história recente de Portugal, onde os cobardes viram heróis, os mentecaptos viram ministros e os competentes são saneados.
2 comentários:
Morreu o Rosa Coutinho, e acabou por não ser julgado por genocidio.
Carlos Brandão
Orlando, coloquei esta postagem e a foto no meu blogue.
Com a devida vénia.
Um Abraço.
Enviar um comentário