PS e PSD, ou não fossem – ao que cada vez mais parece – fuba do mesmo saco, aprovaram hoje no Parlamento português, em votação final global, a proposta de lei do Governo que estabelece um pacote de medidas de austeridade para redução do défice.
De uma forma, sintética, dir-se-á que mais uma vez a dupla imparável que dança como ninguém o tango, enquanto o país está de tanga, procura que os portugueses aprendam (e estão quase lá) a viver sem comer. Tudo, é óbvio, a bem da nação (deles).
CDS-PP, BE, PCP e PEV votaram contra a proposta de lei do Governo, que foi acordada com os sociais democratas com o objectivo – dizem eles enquanto cantam e dançam no convés do Titanic lusitano - de reduzir o défice orçamental para 7,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e para 4,6 por cento em 2011.
Do lado da despesa, serão aplicadas medidas como uma redução de 5 por cento nas remunerações de alguns titulares de cargos políticos e gestores públicos, um corte de 100 milhões de euros nas transferências para as autarquias e de 300 milhões nas transferências para o Sector Empresarial do Estado (SEE).
António Mexia, ao que consta, está a pensar zarpar para o Burkina Faso, alegando que em Portugal ninguém dá valor a quem o tem.
A seguir à votação final da proposta do Governo, o PS, através do deputado Vítor Baptista, pediu que esta fosse dispensada de redacção final, para que entrasse mais rapidamente em vigor. Perante a oposição manifestada pelo CDS-PP, PCP e PSD, a deputada socialista Ana Catarina Mendes anunciou que o PS retirava o seu pedido.
Neste particular creio que o PS tem razão. Deveria entrar imediatamente em vigor e, se possível, com retroactividade a partir aí do ano 2000.
Antes, o deputado do PCP, Honório Novo, contestou as medidas de austeridade acordadas entre o Governo e o PSD, dizendo que estas vão contribuir para a recessão económica e que "havia outro caminho".
É claro que havia outro, ou até outros, caminho. Mas o mais fécil, barato e que dá milhões é ir directamente ao bolso dos milhões que têm pouco e não, claro, ao dos poucos que têm milhões. Já viram o que era se eles resolvessem todos zarpar para o Burkina Faso?
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