segunda-feira, junho 21, 2010

E a luta (contra as FARC) continua

Os colombianos escolheram continuar a política de firmeza face à guerrilha das FARC, elegendo Juan Manuel Santos, ex-ministro da Defesa, para suceder ao Presidente Álvaro Uribe.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) são uma organização de inspiração comunista que opera usando tácticas terroristas e de guerrilha e que, diz, luta pela implantação do socialismo na Colômbia. Foi criada em 1964 com todo o apoio do Partido Comunista Colombiano.

Consideradas pelo Governo da Colômbia, pelos EUA e pela União Europeia (onde, supostamente, se inclui Portugal) como uma organização terrorista, actua contra tudo e contra todos, sejam militares, civis ou infra-estruturas económicas.

Com cerca de doze a dezoito mil membros (aproximadamente 20 a 30% deles são recrutas com menos de 18 anos de idade), as FARC controlam a maior parte da refinação e distribuição de cocaína da Colômbia, sendo responsável por boa parte do fornecimento mundial desta droga (talvez mais de 600 milhões de dólares por ano).

Tanto quanto é público, 92% dos colombianos rejeitam a existência e sobretudo as práticas das FARC. Porquê? Talvez porque os guerrilheiros sequestraram mais de seis mil pessoas nos últimos dez anos, mantendo-os em condições indescritíveis de tão aviltantes. No final de 2007 este grupo, amigo do Partido Comunista de Portugal, tinha perto de oitocentos reféns em cativeiro.

Segundo a Human Rights Watch, grande parte dos combatentes das FARC, entre dez a vinte por cento, são jovens com idades entre os 10 e os 14 anos.

Como é normal, a luta revolucionária e anti-imperialista de Hugo Chávez tem críticos e adeptos. As Forças Armadas Revolucionárias (e certamente também anti-imperialistas) da Colômbia têm críticos e adeptos. Os adeptos das FARC continuam a luta para transformar o líder terrorista Raúl Reyes num herói e, é claro, o ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, num terrorista, tal como acontecerá com o seu sucessor.

As imagens da morte de Reyes, em Março de 2008, mostraram que tal aconteceu num acampamento militar das FARC. No entanto, por todo o lado surgiram arautos a dizer que Reyes estava em território do Equador para negociar com o Governo francês (via Hugo Chávez) a libertação de Ingrid Betancourt.

Armado até aos dentes, num acampamento militar, em missão de paz? A dois quilómetros da fronteira? Seria ali que iriam decorrer as negociações?

Que Raúl Reyes era o principal negociador das FARC com os governos da Venezuela e da França, é verdade. Ele tinha junto de Caracas, que não de Paris, o estatuto de ministro dos Negócios Estrangeiros, e era um aliado de Chávez na guerra aos amigos do tio Sam, na circunstância Álvaro Uribe.

Disseram na altura os adeptos das FARC/Chávez que Ingrid Betancourt estava para ser libertada a todo o momento. Contaram que a primeira tentativa falhou porque o governo Álvaro Uribe armou uma emboscada aos guerrilheiros que, “em missão de paz e acertada com o governo da Colômbia, estavam levando provas de que a ex-senadora estava viva”, escreveu o jornalista Laerte Braga.

Ora, com guerrilheiros terroristas em missão de paz, o responsável pelo falhanço só poderia ser… o presidente colombiano.

Diziam ainda os defensores da bondade da guerrilha que, “pela segunda vez, Uribe frustrara qualquer perspectiva nesse sentido pela simples razão que não lhe interessa a libertação de Ingrid Betancourt, sua adversária política”. Disseram e alguns acreditaram.

Embora todas as informações apontassem para que o ataque contra o número dois das FARC fora feito a dois quilómetros da fronteira, não tardaram a circular a indicações de que eram oito , eventualmente 80... Quanto mais quilómetros melhor fica na fotografia a tese de grave violação do território equatoriano.

Hugo Cháves, o principal interessado no conflito (tem nas mãos as FARC mas não o Governo de Bogotá), sustenta que é preciso negociar para solucionar a “guerra civil na Colômbia”. Guerra Civil?

Quem terrorista ama, herói lhe parece. Nem que esse amor seja devidamente pago por quem, sendo ditador e imperialista, se diz democrata e anti-imperialista.

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