A Comarca da Grande Lisboa Noroeste condenou 54 arguidos por furtarem cheques das caixas de correio, tendo aplicado a 11 deles penas de prisão efectiva entre dois e 13 anos, anunciou a Procuradoria Geral Distrital de Lisboa (PGDL).
Não me parece bem. Explico. É que os 54 arguidos não furtaram cheques. Limitaram-se, como fez o vice-presidente da bancada parlamentar do PS, Ricardo Rodrigues, com os gravadores dos jornalistas da Sábado, a “tomar posse” dos cheques.
Creio até que terão dito que “tomaram posse”, de forma “irreflectida”, dos cheques porque foi exercida sobre eles uma “violência psicológica insuportável”.
Segundo a PGDL, "os arguidos, organizadamente, subtraíam cheques das caixas de correio nas área de Lisboa e concelhos limítrofes, falsificavam-nos com meios sofisticados e apresentavam-nos a pagamento, tendo realizado lucro ilícito estimado em 500 000 euros".
Eu sei que os gravadores não valem 500 mil euros nem exigiram falsificações. Mas, como diz o bom povo português, cesteiro que faz um cesto faz um cento. O princípio é, aliás, o mesmo. Só varia o objecto furtado ou, melhor, o objecto sobre o qual foi “tomada posse”.
Cá para mim, quem “toma posse” de uma galinha é bem capaz, se tiver oportunidade para isso, de “tomar posse” de todo o galinheiro.
Questionado se em Portugal há uma Justiça para os ricos e outra para os pobres, o bastonário da Ordem dos Advogados de Portugal, Marinho Pinto, disse que basta visitar as cadeias para constatar que "97 por cento são pessoas pobres".
"A senhora que furtou um pó de arroz no supermecado foi detida e julgada. Furtar ou desviar centenas de milhões de euros de um banco ainda se vai ver se é crime", disse Marinho Pinto em entrevista (Outubro de 2009) ao Jornal i.
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