O ministro da Educação da Guiné-Bissau, Artur Silva, defendeu hoje ser um desafio nacional acabar até 2015 com o analfabetismo no país, que atinge cerca de 51% da população, sobretudo mulheres.
Creio, a fazer fé nas palavras do secretário executivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), Domingos Pereira, que tudo se resolverá com a entrada em vigor do Acordo Ortográfico (ver: As (im)polutas prioridades da CPLP) .
Quanto digo tudo, digo mesmo tudo. Da fome ao analfabestimos, da miséria aos conflitos militares liderados, em muitos casos, por gente que nem uma palavra sabe de português.
O governante guineense falava na cerimónia de lançamento oficial do programa da generalização da alfabetização de adultos na Guiné-Bissau, financiado pelo governo do Japão em nove milhões de dólares.
Ora aí está. Para acabar com o analfabetismo na Guiné-Bissau foi preciso o Japão abrir os cordões à bolsa. Existisse a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e seria caso, digo eu, para perguntar o que andariam a fazer os seus membros. Como não existe...
Para o ministro da Educação guineense, uma população alfabetizada “mais facilmente consegue lutar e vencer a pobreza”, daí ser um “desafio nacional para a Guiné-Bissau erradicar o analfabetismo até 2015".
Tem razão. Mas pelos vistos é mais importante para a CPLP é o Acordo Ortográfico do que a luta contra o analfabetismo.
O ministro da Educação apontou o trabalho já realizado, no âmbito do projecto “Sim eu Posso” com recurso aos meios audiovisuais enquadrados por técnicos cubanos e coordenado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), ao abrigo do qual em cinco anos foram alfabetizadas cerca de duas mil pessoas.
Aliás, como se vê de forma inequívoca com este caso, quem melhor do que técnicos cubanos, com dinheiro japonês, para ensinar um povo da lusofonia a falar português? Com a vantagem de que, como certamente diria Domingos Pereira, já poderiam aprender a falar à luz (isto se for de dia) do Acordo Ortográfico.
Como se não bastasse o facto, por exemplo, de a Guiné-Bissau ter a terceira taxa mais elevada de mortalidade infantil no mundo, ainda aparecem estes senhores da CPLP a gozar com a chipala dos famintos guineenses.
Sem comentários:
Enviar um comentário