O caso conhecido na justiça francesa como «Angolagate» recomeça amanhã, em Paris, com o julgamento em recurso do empresário Pierre Falcone, acusado de tráfico de armas, branqueamento de capitais e fraude fiscal.
O empresário francês, que tem também nacionalidade angolana e que em 2003 foi nomeado pelo governo de Luanda como representante de Angola junto da UNESCO (a organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura), foi condenado a seis anos de prisão, incluindo quatro de prisão efectiva, a 27 de Outubro de 2009.
O tribunal de recurso de Paris reduziu, em Dezembro de 2010, a pena de Pierre Falcone para dois anos e meio de prisão efectiva, mantendo-o detido.
Uma coisa é certa, o Governo de Angola, do MPLA e de Eduardo dos Santos (são uma e a mesma coisa) está chateado com o caso “Angolagate”. E quando os donos do poder se chateiam... todo o cuidado é pouco.
Diz o Governo que está no poder em Angola desde 1975, que não está certo condenar “cidadãos franceses que em tempo oportuno ajudaram o país a garantir a defesa do Estado e do processo democrático, face a uma subversão armada condenada pela comunidade internacional e pelas Nações Unidas, em particular”.
É isso aí. Só falta acrescentar que esses impolutos cidadãos franceses ajudaram os cidadãos angolanos de primeira categoria, os do MPLA, a matar os de segunda, também conhecidos como uma subespécie que dá pelo nome de kwachas.
De acordo com uma declaração do Governo angolano, não foi provado em Tribunal qualquer comércio ilícito de armas, até porque estas não eram francesas nem transitaram em território francês.
Se fossem francesas ou tivessem transitado em terrirório francês já seria comércio ilícito de armas? Quem sabe...
"Não havia na altura qualquer embargo internacional contra a aquisição de armas pelo governo legítimo de Angola e estas foram adquiridas por Angola num negócio perfeitamente licito entre dois Estados soberanos. Tanto assim é que nem os seus signatários foram considerados parte em todo este processo judicial", frisa um documento do governo angolano.
Governo legítimo? Sim. Claro que sim. Não foi eleito, recebeu o poder das mãos dos portgueses à revelia e violando todos os acordos assinados, o que só por si legitima o governo. Ou não será?
Segundo a declaração, perante estes factos, tudo indica que este foi um processo desequilibrado e injusto, viciado por considerações e motivações de natureza política e parecendo, acima de tudo, eivado de um espírito de vingança, porque certos angolanos que foram apoiados pelos Serviços Especiais franceses falharam nos seus desígnios de conquista do poder pela força das armas.
Lá voltamos à velha questão entre os bons e os maus, entre os angolanos e os outros, entre os heróis (Agostinho Neto, Eduardo dos Santos) e os bandidos (Holden Roberto e Jonas Savimbi).
O Governo da República de Angola repudia com veemência a forma abusiva como foi reiteradamente utilizado nesse processo o nome de Angola, constituindo isso quer uma violação do princípio do respeito mútuo entre dois Estados com relações diplomáticas, quer do segredo de Estado inerente a questões sensíveis relativas à Defesa e Segurança nacionais.
Pois é. Os súbditos de Nicolas Sarkozy que se cuidem. O MPLA não leva desaforo para casa e a vingança faz parte da genética dos angolanos de primeira, e esses, como se sabe, estão todos no MPLA.
Além disso, Sarkozy não pode esquecer que mais de 70 empresas francesas estão estabelecidas em Angola, inclusive – pois claro! - a gigante de petróleo Total, que é o segundo maior produtor de petróleo no país, depois da Chevron.
Sem comentários:
Enviar um comentário