Entre ataques a Cavaco Silva e críticas à comunicação social, o candidato Fernando Nobre fez o último discurso da sua campanha eleitoral para as presidenciais de amanhã, lembrando ainda «os que podiam ter apoiado e não apoiaram», uma mensagem aparentemente dirigida a Mário Soares.
«A minha querida mulher Luísa tinha razão, como sempre. Quase sempre as mulheres têm razão. Ela disse que eu iria passar de bestial a besta. E começaram por atacar, ridicularizar, silenciar, mas não sabiam uma coisa: eu sou teimoso, obstinado e, quando tomo uma decisão, vou até ao fim, nunca desisto», sublinhou Fernando Nobre.
«Disseram que eu não tenho uma única ideia, mas nós apresentámos mais ideias do que todas as outras candidaturas juntas», reagiu o fundador da AMI aos «opinadores e comentaristas», enumerando as propostas de criação de um conselho informal de jovens, de redução do número de deputados e de apresentação de um plano estratégico para os sectores primário e secundário.
Fernando Nobre acusou o adversário Manuel Alegre de «trocar de ideias como outros trocam de camisa», mas fixou Cavaco Silva como o maior alvo: «ele não terá um segundo mandato». O candidato acredita numa segunda volta e reagiu às declarações de Cavaco Silva sobre os custos que essa segunda volta traria.«Não tentem matar esta democracia, porque nós não deixamos», salientou.
Fernando Nobre deixou ainda uma mensagem em aberto, que poderia ter como alvo Mário Soares, apontado como impulsionador da sua campanha, apesar da ausência pública do seu apoio. «Continuam a ser meus amigos, aqueles que podiam ter apoiado e não apoiaram continuam a ser meus amigos».
Em matéria de comunicação social, Fernando Nobre só tem alguma razão. Os seus serviços de Imprensa, por exemplo, começaram por separar os filhos dos enteados, mostrando que ali estavam mais para se servir do que para servir.
No fim de Março do ano passado, segundo esses serviços, só a SIC, o Expresso e o Jornal i teriam entrevistado, ou dado notícias, sobre o candidato. Mentiam. E quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita.
Para além de ser falso (foram mais os meios de comunicação social a dar voz a Fernando Nobre), revelaram um mau princípio ao separar os que merecem ser referenciados (são os filhos?) e os outros que nem a uma linha têm direito (os enteados?).
Acresce que muitos outros meios, nomeadamente blogues, de há muito ue publicaram referências ao candidato sem que isso tenha merecido qualquer apontamento. Foi pena. Desde logo porque não será pelos poucos que têm milhões que Fernando Nobre será eleito. Se o for, será com certeza pelos milhões que têm pouco.
E era a este portugueses que a candidatura de Fernando Nobre deveria dar voz. Desde logo porque tanto o umbigo do candidato, mas sobretudo o dos seus mais próximos colaboradores, não são suficientes para vencer.
Fernando Nobre sabe que, enquanto candidato, está em cima de um tapete rolante que anda para trás. Demorou tempo a perceber que se se limitar a andar não sairá do sítio. Só tarde percebeu que tinha de correr.
Pena foi que os seus colaboradores pensassem (se calhar ainda pensam) que devem andar no mesmo sentido do tapete rolante...
Sem comentários:
Enviar um comentário