No dia 22 de Março de 2010, o primeiro-ministro José Sócrates, confirmou, directamente da Tunísia, que Portugal era, e é, o mais europeu dos países do norte de África.
José Sócrates, que discursava na cerimónia de encerramento do Fórum Económico Luso-Tunisino, puxou dos galões e da legitimidade de quem conseguiu pôr o seu país bem mais perto do norte de África, para garantir que a nova prioridade do reino passava pela Tunísia, por Marrocos, pela Líbia e pela Argélia.
E “que fique claro a toda a opinião pública portuguesa" que Portugal atribui "à relação com os países do Norte de África uma prioridade política indiscutível”, justificou – como se isso fosse necessário – José Sócrates.
Aos empresários lusos, Sócrates disse que devem investir na Tunísia, porque se trata de “uma economia que merece toda a confiança, com estabilidade política, com regras claras e, em particular, com um quadro regulatório que incentiva o negócio e que melhora as condições para desenvolver os negócios”.
“É altura para vos dizer que queremos transformar o Norte de África, e a Tunísia em particular, numa prioridade para a nossa economia”, acrescentou o primeiro-ministro, reiterando a confiança do Governo português “numa economia que tem ambição e que quer ser uma economia moderna e aberta”.
Na Argélia, Sócrates disse a mesma coisa, repetindo um discurso em que só mudava os nomes dos países. Compreende-se. Não havia tempo para mais e o Simplex é isso mesmo.
Quanto à Líbia, do velho e grande amigo de Sócrates, proprietário e único accionista da Grande Jamahiriyah Socialista Popular da Líbia Árabe (ou coisa que o valha) os negócios seguem em grande velocidade, todos monitorados pela especial quinquilharia que dá pelo nome de “Magalhães”.
De há muito que a Amnistia Internacional tem alertado para “as crescentes tensões" e para as "duras reacções dos governos aos protestos contra as condições sociais e políticas" em países como a Tunísia, o Egipto e os Camarões.
Apesar disso, como perito dos peritos e dono incontestável da verdade, José Sócrates fez da Tunísia uma prioridade, falando de “estabilidade política”, pouco se interessando pelo facto de a democracia tunisina ser semelhante à que se passa com a praticada pelo seu governo, ou seja, “quero, posso e mando” e os outros comem (embora cada vez menos) e calam.
Em 2009, no XVI Congresso do PS, lá estavam representantes das mais pujantes e lídimas democracias do mundo, começando por Angola e terminando na Tunísia.
Mas José Sócrates até tem razão. É muito mais fácil negociar com um regime ditatorial do que com um que seja democrático. É muito mais fácil negociar com alguém que, à partida, se sabe que irá estar na cadeira do poder durante toda a vida, do que com alguém que pode ao fim de um par de anos ser substituído pela livre escolha popular.
É, como acontece com o seu grande amigo José Eduardo dos Santos, muito mais fácil negociar com o líder de um clã que representa quase 100 por cento do Produto Interno Bruto, do que com alguém que não seja dono do país mas apenas, como acontece nas democracias, representante temporário do povo soberano.
É, como acontece com o seu grande amigo José Eduardo dos Santos, muito mais fácil negociar com o líder de um clã que representa quase 100 por cento do Produto Interno Bruto, do que com alguém que não seja dono do país mas apenas, como acontece nas democracias, representante temporário do povo soberano.
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