O candidato presidencial português, Cavaco Silva, apelou hoje aos jovens portugueses para que “levantem a voz” e não prescindam de contribuir para “uma vida política diferente”, sublinhando que “a forma de fazer política em Portugal vai mudar no bom sentido.”
Para quem anda nisto à uma porrada de tempo, como é o caso de Cavaco Silva, não está mal. Descobriu agora o que deveria ter descoberto há muitos anos. Vir agora atirar a pedra como se nada tivesse a ver com o que está para trás é, no mínimo, uma atitude hipócrita.
Que Cavaco Silva tenha dificuldade em imaginar os múltiplos dramas dos portugueses, ainda vá que não vá. Não pode, contudo, é escudar-se na ignorância de quem vive longe do país real para sacudir a água do capote e para fingir que não sabe que Portugal talvez gostasse de ser, mas (ainda) não é, um Estado de Direito.
Cavaco Silva e os seus assessores tiveram de esperar pela campanha elitoral para ver o diagnóstico que, há muito, foi feito por quem, mesmo desempregado, não penhorou a liberdade de opinião. E mesmo agora, não se sabe se depois da reeleição não vão fechar os olhos e dormir na santa paz de quem tem pelo menos três refeições por dia.
Um Estado de Direito conquista-se quando se não tem medo de dizer a verdade. E esta, quer o presidente/candidato queira ou não, não é pertença nem do queixoso, nem do réu, nem do juiz e muito menos daqueles que têm dinheiro para comprar o queixoso, o réu e o juiz.
Os políticos de uma forma geral, sejam o Presidente da República, os membros do Governo, os deputados ou autarcas, teimam em tapar o sol com uma peneira, mesmo quando o fazem a meio da noite. Estão a passar um atestado de menoridade aos portugueses, mesmo quando levantam a bandeira do “agora é que vai ser”.
De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia que tomasse medidas para castigar tanto o ladrão que entra em casa como o que fica à porta. Mas não. Cavaco Silva, na sua qualidade de mais alto magistrado da nação, parece querer castigar as vítimas e não os ladrões. Como candidato diz o contrário. Mas será que alguém acredita?
De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia que visse a quem beneficia a infracção, que argumentos usa para cilindrar a liberdade e sobretudo porque o faz de forma completamente impune.
De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia que procurasse - por exemplo - saber como é possível a uma empresa despedir dezenas de trabalhadores quando, poucos meses antes, os donos e ou administradores gastam milhões em proveito próprio.
De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia muita coisa. E não apenas o óbvio para tudo continuar na mesma, para uns relembrarem o António (de Oliveira Salazar) e outros a necessidade de uma nova revolução.
Pois! Mas ainda há uns (e não são poucos) para quem a coisa só se revolve a tiro. Parece-me uma boa opção. Temo, contudo, que ao escolher-se a política do olho por olho, dente por dente, fiquemos todos cegos e desdentados. E se calhar os responsáveis pela tragédia vão continuar a ter pelo menos um olho e dois dentes e muitas mamas à disposição.
De uma coisa os portugueses não podem esquecer-se: Como dizia Platão: "O castigo por não participares na política é acabares por ser governado por quem te é inferior."
Que Cavaco Silva tenha dificuldade em imaginar os múltiplos dramas dos portugueses, ainda vá que não vá. Não pode, contudo, é escudar-se na ignorância de quem vive longe do país real para sacudir a água do capote e para fingir que não sabe que Portugal talvez gostasse de ser, mas (ainda) não é, um Estado de Direito.
Cavaco Silva e os seus assessores tiveram de esperar pela campanha elitoral para ver o diagnóstico que, há muito, foi feito por quem, mesmo desempregado, não penhorou a liberdade de opinião. E mesmo agora, não se sabe se depois da reeleição não vão fechar os olhos e dormir na santa paz de quem tem pelo menos três refeições por dia.
Um Estado de Direito conquista-se quando se não tem medo de dizer a verdade. E esta, quer o presidente/candidato queira ou não, não é pertença nem do queixoso, nem do réu, nem do juiz e muito menos daqueles que têm dinheiro para comprar o queixoso, o réu e o juiz.
Os políticos de uma forma geral, sejam o Presidente da República, os membros do Governo, os deputados ou autarcas, teimam em tapar o sol com uma peneira, mesmo quando o fazem a meio da noite. Estão a passar um atestado de menoridade aos portugueses, mesmo quando levantam a bandeira do “agora é que vai ser”.
De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia que tomasse medidas para castigar tanto o ladrão que entra em casa como o que fica à porta. Mas não. Cavaco Silva, na sua qualidade de mais alto magistrado da nação, parece querer castigar as vítimas e não os ladrões. Como candidato diz o contrário. Mas será que alguém acredita?
De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia que visse a quem beneficia a infracção, que argumentos usa para cilindrar a liberdade e sobretudo porque o faz de forma completamente impune.
De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia que procurasse - por exemplo - saber como é possível a uma empresa despedir dezenas de trabalhadores quando, poucos meses antes, os donos e ou administradores gastam milhões em proveito próprio.
De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia muita coisa. E não apenas o óbvio para tudo continuar na mesma, para uns relembrarem o António (de Oliveira Salazar) e outros a necessidade de uma nova revolução.
Pois! Mas ainda há uns (e não são poucos) para quem a coisa só se revolve a tiro. Parece-me uma boa opção. Temo, contudo, que ao escolher-se a política do olho por olho, dente por dente, fiquemos todos cegos e desdentados. E se calhar os responsáveis pela tragédia vão continuar a ter pelo menos um olho e dois dentes e muitas mamas à disposição.
De uma coisa os portugueses não podem esquecer-se: Como dizia Platão: "O castigo por não participares na política é acabares por ser governado por quem te é inferior."
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