José Mourinho voltou hoje a ser «Special One», ao ser eleito melhor treinador de futebol do ano pela FIFA, depois de na última época ter conquistado «tudo» ao serviço do Inter de Milão.
A eleição recorda-me algo que se passou no dia 11 de Junho de 2009, quando o Real Madrid ofereceu ao Manchester United 93 milhões de euros pela transferência de Cristiano Ronaldo. Nesse mesmo dia ficou a saber-se que mais de 200 milhões de crianças continuavam a ser forçadas a trabalhar diariamente no Mundo. Dizia a a Organização Internacional do Trabalho (OIT) que "três em cada quatro desses menores estavam expostos às piores formas de exploração laboral".
Numa mensagem divulgada no âmbito do Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, que se assinalava nessa altura, a OIT estimava que mais de 200 milhões de rapazes e raparigas estavam envolvidos em alguma forma de trabalho.
No entanto o mundo parou porque, isso sim, estavam em cima da mesa (não sei se algum passou por baixo) os 93 milhões de euros que o Real Madrid oferecera ao Manchester United. Hoje parou porque José Mourinho voltou a ser «Special One».
Isto é que era relevante. O facto de três em cada quatro crianças e adolescentes que trabalham estarem expostas às piores formas de exploração laboral infantil (tráfico humano, conflitos armados, escravatura, exploração sexual e trabalhos de risco, entre outros), ficou fora de jogo.
Segundo a OIT (que, obviamente, não anlisa a transferência de Cristiano Ronaldo nem a eleição de José Mourinho), era (como é e será) de salientar os desafios no combate ao trabalho infantil, sobretudo aquele tipo de trabalho que envolve raparigas, discutir o impacto que a crise económica mundial pode ter no agravamento deste flagelo, bem como enfatizar o papel fundamental da educação na solução do problema.
No entender da OIT, a "abolição efectiva" da exploração laboral das crianças - que "são privadas de direitos básicos, como educação, saúde, lazer e liberdades individuais" - é um "dos maiores e mais urgentes desafios do nosso tempo".
A expansão do acesso ao ensino básico, com muitos países a eliminaram as propinas escolares, a implementação de programas de transferência social e uma maior participação dos Governos, que estão agora a ratificar as convenções da OIT sobre o trabalho infantil, são alguns dos progressos mundiais mencionados pela organização.
Entretanto nas ocidentais praias lusitanas, pela mesma altura, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, subscrevia afirmações das “gentes do mundo do futebol” de que se ultrapassaram os “limites razoáveis” na transferência de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid mas desejou felicidades ao jogador. Tal como deve ter dado já os parabéns a José Mourinho.
Mero exercício de hipocrisia. Isto porque, como sabe Cavaco Silva e José Sócrates, a população portuguesa (sobretudo os cidadãos de segunda classe – todos os que não são deste PS) alimenta-se de de Fátima, do Fado e do Futebol.
“Acompanho aquilo que foi dito sobre esta matéria. Pagar quase 100 milhões de euros pela transferência de um jogador, nunca me passou pela cabeça”, afirmou na altura Cavaco Silva em Nápoles, Itália, à margem de um encontro dos Chefes de Estado.
É pena que não passe pela cabeça dos responsáveis, seja de Portugal ou de qualquer outro país. Depois não nos venham dizer que é crime a plebe sair à rua e fazer justiça pelas suas próprias mãos.
“Gostaria que Portugal fosse mais conhecido pela inovação, pela modernização e pela sua competitividade”, acrescentou Cavaco Silva.
Pois é. Também os 700 mil desempregados que (sobre)vivem em Portugal gostariam. Mas como não é isso que acontece, um dias destes resolvem não mudar de país mas, isso sim, mudar de políticos... nem que para tal tenham de ressuscitar, ou apoiar, um qualquer António de Oliveira Salazar.
Numa mensagem divulgada no âmbito do Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, que se assinalava nessa altura, a OIT estimava que mais de 200 milhões de rapazes e raparigas estavam envolvidos em alguma forma de trabalho.
No entanto o mundo parou porque, isso sim, estavam em cima da mesa (não sei se algum passou por baixo) os 93 milhões de euros que o Real Madrid oferecera ao Manchester United. Hoje parou porque José Mourinho voltou a ser «Special One».
Isto é que era relevante. O facto de três em cada quatro crianças e adolescentes que trabalham estarem expostas às piores formas de exploração laboral infantil (tráfico humano, conflitos armados, escravatura, exploração sexual e trabalhos de risco, entre outros), ficou fora de jogo.
Segundo a OIT (que, obviamente, não anlisa a transferência de Cristiano Ronaldo nem a eleição de José Mourinho), era (como é e será) de salientar os desafios no combate ao trabalho infantil, sobretudo aquele tipo de trabalho que envolve raparigas, discutir o impacto que a crise económica mundial pode ter no agravamento deste flagelo, bem como enfatizar o papel fundamental da educação na solução do problema.
No entender da OIT, a "abolição efectiva" da exploração laboral das crianças - que "são privadas de direitos básicos, como educação, saúde, lazer e liberdades individuais" - é um "dos maiores e mais urgentes desafios do nosso tempo".
A expansão do acesso ao ensino básico, com muitos países a eliminaram as propinas escolares, a implementação de programas de transferência social e uma maior participação dos Governos, que estão agora a ratificar as convenções da OIT sobre o trabalho infantil, são alguns dos progressos mundiais mencionados pela organização.
Entretanto nas ocidentais praias lusitanas, pela mesma altura, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, subscrevia afirmações das “gentes do mundo do futebol” de que se ultrapassaram os “limites razoáveis” na transferência de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid mas desejou felicidades ao jogador. Tal como deve ter dado já os parabéns a José Mourinho.
Mero exercício de hipocrisia. Isto porque, como sabe Cavaco Silva e José Sócrates, a população portuguesa (sobretudo os cidadãos de segunda classe – todos os que não são deste PS) alimenta-se de de Fátima, do Fado e do Futebol.
“Acompanho aquilo que foi dito sobre esta matéria. Pagar quase 100 milhões de euros pela transferência de um jogador, nunca me passou pela cabeça”, afirmou na altura Cavaco Silva em Nápoles, Itália, à margem de um encontro dos Chefes de Estado.
É pena que não passe pela cabeça dos responsáveis, seja de Portugal ou de qualquer outro país. Depois não nos venham dizer que é crime a plebe sair à rua e fazer justiça pelas suas próprias mãos.
“Gostaria que Portugal fosse mais conhecido pela inovação, pela modernização e pela sua competitividade”, acrescentou Cavaco Silva.
Pois é. Também os 700 mil desempregados que (sobre)vivem em Portugal gostariam. Mas como não é isso que acontece, um dias destes resolvem não mudar de país mas, isso sim, mudar de políticos... nem que para tal tenham de ressuscitar, ou apoiar, um qualquer António de Oliveira Salazar.
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