A melhor forma de abater os cartéis de drogas e organizações criminosas é atingi-las no “bolso”, defendeu em tempos a administradora da agência antidrogas dos EUA (DEA, Drug Enforcement Administration), Michele Leonhart.
Por outras palavras, é fazer o mesmo que os donos dos jornalistas portugueses, e os donos dos donos (e não só), têm feito nos últimos anos. Obrigarem o pessoal a pensar com a barriga.
Ora aí está. Pôr ao serviço das nobres causas das castas superiores que, em Portugal, são sobretudo as famílias Joaquim e José, os métodos que a globalização quer aplicar aos traficantes. Bater onde dói mais, o bolso.
“Isso tem um grande impacto”, enfatizou a representante do DEA ao ser questionada durante a maior conferência mundial anti-drogas, a International Drug Enforcement Conference (IDEC), que decorreu em Abril do ano passado no Rio de Janeiro.
E tem mesmo grande impacto, não sei se nos narcotraficantes, mas de certeza nos jornalistas, entre outros. Reconheça-se, contudo, que estes tiverem e têm alternativas: ou comem e calam e podem pagar a conta ao merceeiro e o empréstimo da cubata, ou não comem nem calam e vão para o desemprego e começam a sentir as dores dos bolsos vazios.
Isto já para não falar de uma outra forma de atingir os portugueses lá no sítio onde dói mais (o bolso), através dos impostos cobrados às castas inferiores: a grande maioria dos cidadãos.
Michele Leonhart deveria, aliás, pagar direitos de autor aos que em Portugal são donos do país e que, desde há muito, aplicam a regra agora defendida pela DEA.
E como o reino, não o dos céus mas o das ocidentais praias lusitanas, está na mão de cobardes, a única solução entendida (pela barriga) como viável é mesmo comer e calar, apostar numa coluna vertebral amovível e numa cabeça subordinada à barriga.
Tão simples quanto isso.
Ser cobarde foi, nos últimos anos, a mais válida forma de (sobre)viver na sociedade portuguesa em geral e, em particular, no comércio e indústria de textos de linha branca a que, por manifesta ignorância, se chama em Portugal "jornalismo".
São esses cobardes poli-partidários (às segundas, quartas e sextas são do PS, às terças, quintas e sábados do PSD e ao domingo piscam o olho aos outros) que, por regra, comandam (mal, mas comandam) este país ou, para ser mais correcto, algumas das partes que no seu conjunto formam o país.
Por isso os cobardes apostam tudo, sobretudo o que é dos outros, na razão da força que é alimentada pela impunidade do reino. Com a cobertura, mesmo que involuntária, de muito boa gente, levam a que a força da razão perca batalhas e mais batalhas.
Ao contrário do que cheguei a pensar, esses cobardes não só estão a ganhar batalhas como poderão vencer a própria guerra. Não lhes falta apoio de quem, ao seu estilo, se está nas tintas para a liberdade de expressão, para a democracia, para as regras de um Estado de Direito, um pouco à “mexiânica” imagem e semelhança dos cartéis de drogas e organizações criminosas.
Tal como os cartéis de drogas e organizações criminosas, esse polvo político-partidário vai continuar a calar as vozes que tentam dar voz a quem a não tem. Assim aconteceu, assim irá acontecer com certeza por muitas que sejam, e são mesmo, as faces ocultas do poder.
Se os políticos portugueses preferem ser assassinados pelo elogio do que salvos pela crítica, preferem ter correligionários néscios do que adversários inteligentes, é bem possível que a própria a democracia esteja em perigo.
Mesmo que esteja, o que é que isso interessa desde que os cobardes continuem com os seus tachos?
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