A União Europeia vai tentar amanhã, numa demonstração da sua mais típica hipocrisia, virar a página de Ben Ali na Tunísia, congelando os bens do clã do deposto Presidente, mas há hesitações quanto à atitude a tomar face à vaga de protestos no mundo árabe.
Com a facilidade típica da cobardia internacional, que pretende ser um paradigma para o restante mundo, a UE mostra toda a “coragem” de passar os ditadores de bestiais a bestas depois de eles serem depostos pelo povo, embora nada tenha feito para a alterar as coisas antes de o povo sair à rua.
Quanto à preocupação com outras ditaduras, não só do mundo árabe, a União Europeia vai tentar que elas se aguentem no poder de modo a que, como até aqui, continuem a ser uma mina para o dito mundo ocidental.
A UE sabe bem que é mais fácil negociar com ditadores do que com regimes democráticos. É por isso que aposta em ditaduras que tenham uns tantos palhaços na corte e que, dessa forma, possam dar um ar democrático aos regimes.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE reúnem-se amanhã, em Bruxelas, para adoptarem um acordo de princípio com vista a confiscar os bens do clã Ben Ali, consultando o novo Governo de transição tunisino.
Ainda recentemente, e é só um exemplo, Portugal beijava a mão de Ben Ali, procurando dessa forma garantir negócios. José Sócrates enalteceu até a estabilidade política da Tunísia. No entanto, amanhã, Luís Amado vai com certeza dizer que que Ben Ali era um ditador da pior espécie e que, como sempre, Lisboa está ao lado de quem estiver no poder, seja ou não um ditador.
Criticada por ter reagido tarde à revolta de 17 de Dezembro de Sidi Bouzidi, no centro da Tunísia, quando um jovem se imolou, levando um mês depois à queda de Zine El Abidine Ben Ali, a UE tenta agora não perder o comboio da História.
E não vai perder esse comboio, mesmo que não seja propriamente um TGV. Aliás, os cobardes, os vira-casacas, nunca perdem nenhum comboio. Estão sempre com quem manda.
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