O candidato presidencial Manuel Alegre disse hoje admirar a "coragem e determinação com que José Sócrates está a defender a autonomia e capacidade dos portugueses resolverem por si próprios os problemas", declarando que o primeiro-ministro terá sempre o seu apoio. Bravo! Os camaleões existem e proliferam.
No comício em Castelo Branco, em que o secretário-geral do PS surgiu pela primeira vez junto de Manuel Alegre desde o início da campanha presidencial para as eleições presidenciais, o candidato fez uma declaração de apoio à forma como José Sócrates tem gerido a questão da crise económica e financeira em Portugal.
"É preciso resistir e digo com toda a clareza, muitas vezes temos tido encontros e desencontros: eu admiro a coragem e a determinação com que José Sócrates está a defender a autonomia e a capacidade dos portugueses resolverem por si próprios os seus problemas e terá sempre o meu apoio, ele ou qualquer outro Governo que queira resolver os nossos problemas sem interferências nem ingerências de outros países", afirmou.
Manuel Alegre manifestou ainda a sua satisfação por estar "lado a lado" com José Sócrates no comício.
"É para mim um momento de grande alegria e de grande alento ter aqui hoje o apoio claro, inequívoco, do secretário-geral do meu partido, o meu amigo e camarada José Sócrates", sublinhou.
O candidato à corrida à Belém afirmou ainda que a acção de campanha desta noite "confirma a possibilidade" de haver uma segunda volta, e depois, a sua candidatura, conseguir ganhar as eleições presidenciais.
Mudam-se os tempos... muda-se a memória. Num artigo de opinião do jornal Público há para aí três anos, intitulado "Contra o medo", Manuel Alegre criticava "a confusão entre lealdade e subserviência" que, segundo o socialista candidato, se verificam no Governo de José Sócrates. Recordam-se?
"Há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa História, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE", escreveu Manuel Alegre, acusando o Partido Socialista de "auto-amordaçar-se". Recordam-se?
Mas a vida é mesmo assim, sobretudo nas ocidentais e socialistas praias lusitanas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos.
Durante anos (muitos, é certo) o PS parecia um partido sério, mas raramente o era. Agora não parece nem é. São cada vez mais os exemplos de ministros, secretários de Estado, dirigentes nacionais e locais que se julgam ser uma espécie de Luciano Pavaroti tal é a qualidade do “play-back”.
No entanto, quando confrontados com a realidade chega-se à conclusão que têm voz de Zé Cabra, embora embrulhados em etiquetas sociais de renome, talvez até importadas de Paris.
O PS, ou melhor, este PS, é um partido de faz de conta, onde o que importa é dizer-se que se tem um stradivarius por que se sabe que ninguém vai querer saber que o instrumento é, afinal, feito com latas de sardinha e foi comprado na Feira da Vandoma, no Porto.
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