segunda-feira, janeiro 17, 2011

A (im)poluta modéstia de José Sócrates

O primeiro-ministro, José Sócrates, disse hoje perante centenas de delegações na Cimeira Mundial de Energia, no Abu Dhabi, que se há algo que Portugal pode ensinar ao mundo é que é possível alterar o cenário energética por completo em seis anos. Modéstia não lhe falta.

"Se há alguma coisa que podemos aprender com a experiência portuguesa é que é possível obter resultados em pouco tempo. Em seis anos mudámos o cenário da energia", disse José Sócrates perante uma audiência de centenas de delegados entre os quais os monarcas do Abu Dhabi, o secretário-geral das Nações Unidas e presidentes da República de todo o mundo.

Repetindo que "Portugal é um líder mundial nesta área graças a reformas e investimentos nos últimos seis anos", o primeiro-ministro português trouxe números e disse que "Portugal atingiu o nível mais baixo de emissões de CO2 per capita da União Europeia", tem "52 por cento de energia renovável na sua geração de electricidade" e é o "segundo país da Europa em energia eólica em percentagem do mix energético".

Sócrates poderia, aliás, puxar dos galões em muitas outras áreas nas quais o seu governo mostrou ser um exemplo para todo o mundo. Mas foi modesto.

Poderia dizer, por exemplo, que o seu governo foi decisivo para que os portugueses se tornassem ainda mais num povo solitário (mais de meio milhão vive sozinho), ingénuo (ainda acreditam nele), lixado e mal e pago (bem mais do que 700 mil desempregados).

Poderia dizer, por exemplo, que o seu governo foi decisivo para que 20% dos portugueses passassem a ser pobres e para que outros tantos tenham os pratos vazios.

Poderia dizer, por exemplo, que o seu governo foi decisivo para que – para além de aprenderem a viver sem comer - os portugueses saibam que podem ser cidadãos de primeira, bastando para isso ser do PS.

Poderia dizer, por exemplo, que o seu governo foi decisivo para transformar, e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, jornalistas em criados de luxo do poder vigente.

Poderia dizer, por exemplo, que o seu governo foi decisivo para garantir que esses criados regressarão mais tarde ou mais cedo (muitos já lá estão) para lugares de direcção, de administração etc..

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