sábado, janeiro 15, 2011

ONU “reconhece” que para haver referendo é condição “sine qua non” haver guerra a sério

O referendo sobre a autodeterminação do Sul do Sudão, que terminou hoje, "é um exemplo" para futuros actos eleitorais, segundo o embaixador português António Monteiro, membro do painel de observação das Nações Unidas.

Mais de 80% dos quatro milhões de eleitores inscritos participaram na votação, de acordo com a comissão que organizou a votação.

O norte do Sudão, maioritariamente muçulmano, e o sul, maioritariamente cristão e animista, terminaram em 2005 uma guerra civil, que durou 23 anos, com um acordo de paz que previa este referendo.

A escolha entre a continuação da unidade ou a independência do sul foi acompanhada por 14 mil observadores eleitorais locais e entre mil a 1200 observadores internacionais, segundo dados da ONU.

"Estive em vários Estados e visitei muitos centros de voto e de facto é uma eleição que no futuro pode ser apontada como um exemplo. Os sudaneses com a ajuda das Nações Unidas conseguiram pôr de pé um mecanismo de voto exemplar e eficiente", sublinhou António Monteiro à Agência Lusa.

Ao que parece, existe uma condição “sine qua non” para que a comunidade internacional, nomeadamente a ONU, considere existir necessidade de um referendo. E essa condição é a existência de uma guerra.

Sem guerra ninguém tem direito a reivindicar um referendo. Ponto final.

Desta forma, enquanto mete a cabeça “darfuriana” no meio do petróleo, a ONU incentiva os povos que se achem no direito de reivindicar a separação, a autodeterminação ou a independência, a pegarem em armas.

Só depois de muitos mortos, quantos mais melhor (em Darfur foram mais de 300 mil e 2,5 milhões de deslocados e refugiados), é que os povos ganham direito a ser ouvidos.

E se, pela mão das Nações Unidades, a única regra é pôr a razão da força acima da força da razão, creio que o povo de Cabinda (protectorado de Portugal até 11 de Novembro de 1975 e desde então colónia de Angola) deve pensar seriamente em voltar a pegar em armas.

Eu sei que não é isso que os cabindas querem. Mas se é isso que, pelo menos por omissão e certamente por cobardia, a ONU pretende, não sei se vale a pena apostar no diálogo, nas revindicações exclusivamente políticas e na fé...

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