sexta-feira, janeiro 14, 2011

Para Ramos-Horta, tal como para Cavaco Silva, Angola vai de Cabinda ao Cunene...

O Presidente de Timor-Leste e Nobel da Paz, José Ramos-Horta, disse hoje que apelo ao Brasil e Angola para que ajudem Portugal não é feito “por solidariedade para com Portugal, mas com sentido pragmático de Estado, por se tratar de um investimento num país amigo e com uma gestão muito séria, nomeadamente enquanto membro da OCDE”.

Gostei. Mas, já agora, gostava que Ramos-Horte tivesse um mais lato sentido de observação, nomeadamente no que à Lusofonia respeita. Eu sei que petróleo é petróleo e direitos dos povos são (agora que Timor-Leste já é independente)... uma coisa menor.

No dia 1 de Junho do ano passado, por exemplo, Ramos-Horte disse que Marrocos deve honrar os compromissos que assumiu com a comunidade internacional para realizar o referendo no Saara Ocidental.

Pois é. Pena é que, no âmbito da Lusofonia, Ramos-Horta não tenha visão, ou conhecimentos, sobre o que se passa na colónia angolana de Cabinda.

Será que alguém o pode elucidar? Ou será que Ramos-Horta pensa como o seu homólogo português e candidato à reeleição, Cavaco Silva, que Angola vai de Cabinda ao Cunene?

É que pensar assim... também pensava a Indonésia quando considerava que Timor-Leste era uma sua província. Certo?

O Presidente da República timorense salientou que “o problema do Saara Ocidental já se arrasta há mais de 30 anos”. Exactamente. Tal como o de Cabinda que começou em 1975 quando Portugal rasgou os acordos que tinha com o povo de Cabinda. Rasgou-os mas não conseguiu que fossem esquecidos por muitos. Muitos onde, apesar de uma causa semelhante, não consta José Ramos-Horta.

“Timor-Leste libertou-se em 1999 e restaurou a sua independência em 2002, mas a questão do Saara que tem similaridade histórica e à luz do Direito Internacional, continua por ser resolvida”, observou hoje o Presidente timorense.

E que tal Ramos-Horta pedir ajuda aos seus preclaros assessores (muitos gerados nas lusitanas praias limítrofes de Marrocos) para perceber que, afinal, Cabinda está ao mesmo nível do Saara e de Timor-Leste?

É natural que Ramos-Horta não saiba a história de Angola e de Cabinda, ou apenas conheça a versão do regime do MPLA. Se, por exemplo, os mais altos representantes políticos de Portugal nada conhecem, ou fingem não conhecer, da história do seu país, é natural que o presidente timorense também seja ignorante nesta, como noutras, matérias.

Resta a certeza de que, um dia destes, ainda vamos ver Cavaco Silva e Ramos-Horta, entre muitos outros, entre quase todos, a dizer também que devido a uma mudança no contexto geopolítico, Cabinda não é Angola e o Tibete não é China.

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