segunda-feira, janeiro 10, 2011

Deus no céu, Sócrates na terra!

O dirigente socialista e educador das massas operáias portuguesas, mas também ministro, Augusto Santos Silva, acusou hoje as forças de direita de "salivarem" perante a hipótese de o Fundo Monetário Internacional (FMI) entrar em Portugal e de colocarem os interesses partidários acima dos nacionais.

Falando de barriga cheia (estava num almoço de apoio a Manuel Alegre), Santos Silva começou por justificar o voto em Alegre pela sua visão "progressista" e pela sua concepção de "democracia" com "pleno respeito pelas assembleias legislativas" do país.

Reconheço que já estava com saudades (isto é como quem diz...) de ler algumas das pérolas a que Augusto Santos Silva nos habituara desde o tempo em que tinha a pasta, entre outras, de dono da comunicação social portuguesa.

Talvez por saber disso, de vez em quando ele aparece – mesmo sendo ministro da Defesa - para malhar em todos aqueles que têm a ousadia de pensar de forma diferente da dele que, aliás, é sempre igual (neste caso) à do sumo pontífice do PS, José Sócrates.

Recordam-se de Augusto Santos Silva ter considerado ainda não há muito tempo (21 de Julho do ano passado) que o ante-projecto de revisão constitucional do PSD era “um manifesto extremista contra a Constituição”, que revelava “irresponsabilidade” e colocava “radicalmente em causa um equilíbrio de poderes que a democracia portuguesa laboriosamente construiu”?

O Governo de José Sócrates, seguindo a metodologia de Augusto Santos Silva, continua a malhar forte e feio nos enteados a quem acusa de "inacção" e de "cegueira ideológica". Só escapam, esses escapam sempre, os que gravitam em volta do PS.

Se calhar o actual PS até tem razão. Cada povo tem os políticos que merece. Dizia Augusto Santos Silva, certamente respaldado na cartilha do perito dos peritos, José Sócrates, que a oposição "sucumbe à demagogia".

Demagogia que, como todos sabem, é uma característica atávica de todos os portugueses de segunda, ou seja, de todos aqueles que não são do PS.

"A direita falha em critérios essenciais na resposta à actual crise, começando logo por falhar no requisito da iniciativa", sustenta o maior (a seguir a José Sócrates) perito dos peritos portugueses, considerando que a oposição não assume uma defesa do princípio da "equidade social".

Será com certeza por isso que os poucos que têm milhões mais milhões continuam a ter, e que os milhões que têm pouco ou nada... ainda têm menos, se é que isso é possível.

Quando se vira para a esquerda, o PS também bate forte e feio, ou não fosse o único dono da verdade. Em relação ao PCP atira a matar, tal como fizera quanto ao Bloco de Esquerda, isto antes de terem selado uma união de facto a três, via Manuel Alegre.

Por agora, Santos Silva evita dizer que o BE pertencem "à esquerda extremista" que "propõe o regresso ao paradigma colectivista".

"Estão cegos por preconceitos ideológicos que os impediram de perceber o quanto foi essencial estabilizar o sistema financeiro para responder à crise", disse em tempos, entre outras sábias alusões, Augusto Santos Silva.

Ora aí está. Bons só mesmo os socialistas. Nem todos, mas sobretudo os que, por terem coluna vertebral amovível, veneram o líder. Todos os outros são uma escumalha que não merece sequer ser considerada como portuguesa.

"O PS é portador de uma liderança e de uma plataforma política para mobilizar o conjunto da sociedade", sustenta o PS, mostrando sempre que, na Terra, só Sócrates pode representar Deus como único detentor da verdade.

Sustenta e bem, e isto já para não falar da sua própria sustentação e luta para manter e doar tachos aos mais inéptos tirutalares do cartão de cidadão... socialista.

Embora os tais portugueses de segunda já saibam há muito que este PS não é uma solução para o problema, mas, isso sim, um problema para a solução, sempre vão percebendo que ou são do PS ou estão lixados e mal pagos.

Por isso não condeno todos aqueles que estão a optar por ser portugueses de primeira. E para isso, pelos vistos, é condição “sine qua non” ser do PS.

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