Pelo menos 181 jornalistas das redacções do Porto de vários órgãos de comunicação social perderam o emprego nos últimos cinco anos, 54 dos quais no despedimento colectivo anunciado quinta-feira pelo grupo Controlinveste, apurou hoje a Lusa.
Justificado pelo grupo de Joaquim Oliveira com a "evolução acentuadamente negativa do mercado" e a "profunda quebra de receitas", o despedimento abrangeu um total de 75 jornalistas do Jornal de Notícias (JN), Diário de Notícias (DN), O Jogo e 24 Horas.
Destes, 54 (23 no JN, seis no DN, 15 n' O Jogo e 10 no 24 Horas) nas redacções do Porto destas publicações.
No caso do jornal 24 Horas deixou mesmo de existir a delegação do Porto, com a saída de todos os jornalistas que a compunham.
Recentemente, foram também "convidados a sair" três jornalistas da Rádio Regional de Lisboa (Rádio Clube Português), do grupo Media Capital, no Porto.
O esvaziamento das redacções do Porto, de vários órgãos de comunicação social, já vem acontecendo há algum tempo, acompanhado do encerramento de publicações sedeadas na cidade, como O Comércio do Porto.
Este jornal, que era o diário mais antigo do país, foi encerrado em Julho de 2005 pelo grupo que então o detinha, os espanhóis da Prensa Ibérica, que acabou também com A Capital, um dos mais prestigiados títulos de Lisboa.
No caso d' O Comércio do Porto perderam o emprego 50 jornalistas.
Dois anos antes, em 2003, a estação televisiva NTV, um canal regional do Porto criado em 2001 através de uma parceria entre a PT Multimédia e a RTP, dispensou também 25 dos 37 jornalistas contratados a termo certo, tendo acabado por desaparecer para dar origem à actual RTPN, que absorveu os restantes profissionais.
Também em 2003 a Lusomundo Media/PT encerrou a redacção do Porto da revista Notícias Magazine, despedindo os quatro jornalistas que a compunham.
Em 2006 foi a vez de o jornal Público iniciar um processo de rescisões que resultou na saída de 11 jornalistas no Porto (incluindo os correspondentes de Aveiro, Famalicão, Braga e Vila Real), enquanto o semanário Expresso dispensou, em Junho de 2007, dois jornalistas na redacção da cidade.
A estes juntaram-se, em Agosto de 2008, mais 32 jornalistas de outros dos mais antigos diários portugueses, o portuense O Primeiro de Janeiro, alvo de um processo de despedimento colectivo.
Contactado pela agência Lusa, o director da licenciatura de Jornalismo da Universidade do Porto, Rui Centeno, atribuiu este esvaziamento e até encerramento de várias redacções no Porto ao facto de "tudo estar centralizado em Lisboa".
"Como tudo se centra em Lisboa, dispensam-se os mais 'dispensáveis'", lamentou Rui Centeno, que associa também este "desinvestimento" à crise que se vive actualmente e à reestruturação que está a ocorrer nos grupos de comunicação social.
Essa reestruturação, nomeadamente em termos de convergência de meios, "terá repercussões em termos de empregabilidade", sublinhou Rui Centeno.
Enquanto responsável por um curso superior de jornalismo, Rui Centeno manifesta-se "muito preocupado" com a vaga de despedimentos.
Tenta, por isso, encaminhar os alunos para áreas onde o mercado ainda não está saturado, como o jornalismo multimédia e a assessoria.
Também para o director do Centro de Estudos de Comunicação da Universidade do Minho, Manuel Pinto, "as perspectivas que se desenham não são nada tranquilizadoras" .
"E não é preciso ser adivinho para ver borrasca no horizonte", escreveu Manuel Pinto terça-feira (dois dias antes de ser conhecida a decisão da Controlinveste), no blogue colectivo "Jornalismo e Comunicação".
No 'post' intitulado "Borrasca no horizonte", Manuel Pinto apontava vários casos de empresas de comunicação social onde se prevêem despedimentos.
"Num ano de agravamento drástico da crise, um dos sectores que mais se ressente, vital para a viabilidade dos media, é a publicidade. Ora essa fonte decisiva de recursos da economia das empresas mediáticas está a secar a um ritmo que alarma os gestores. Não só na publicidade de agência, mas inclusivamente nos classificados", considera.
Em seu entender, "o único sector que dá sinal de uma agitação que chega a raiar o absurdo é o do marketing. Os jornais, em particular, desdobram-se em iniciativas paralelas, num esforço titânico de atrair os consumidores".
"É caso para perguntar o que significam, de facto, os dados ainda recentemente divulgados pela Marktest relativamente à circulação paga. Que quota desses números representa, efectivamente, a procura da informação? Por outras palavras: como poderão as empresas jornalísticas aguentar uma situação, em que estão, de facto, ainda que indirectamente, a subsidiar a compra dos seus produtos?", acrescenta.
No mesmo blogue e na sequência do texto de Manuel Pinho, o ex-jornalista e académico Joaquim Fidalgo considera que "há, de facto, muita "borrasca" no sector dos media. E já não é apenas no horizonte previsível: ela aí está, muito concreta, a precipitar-se dramaticamente em cima das nossas cabeças...".
As reacções aos últimos despedimentos começam entretanto a ser produzidas, como a do presidente da concelhia do Porto do PS, Orlando Soares Gaspar, que, apesar de "não se querer imiscuir" nas questões de gestão interna das empresas, quis manifestar a sua solidariedade para com os jornalistas despedidos.
"Quanto menos profissionais de qualidade tiver a classe jornalística mais esta fica empobrecida", frisou.
Justificado pelo grupo de Joaquim Oliveira com a "evolução acentuadamente negativa do mercado" e a "profunda quebra de receitas", o despedimento abrangeu um total de 75 jornalistas do Jornal de Notícias (JN), Diário de Notícias (DN), O Jogo e 24 Horas.
Destes, 54 (23 no JN, seis no DN, 15 n' O Jogo e 10 no 24 Horas) nas redacções do Porto destas publicações.
No caso do jornal 24 Horas deixou mesmo de existir a delegação do Porto, com a saída de todos os jornalistas que a compunham.
Recentemente, foram também "convidados a sair" três jornalistas da Rádio Regional de Lisboa (Rádio Clube Português), do grupo Media Capital, no Porto.
O esvaziamento das redacções do Porto, de vários órgãos de comunicação social, já vem acontecendo há algum tempo, acompanhado do encerramento de publicações sedeadas na cidade, como O Comércio do Porto.
Este jornal, que era o diário mais antigo do país, foi encerrado em Julho de 2005 pelo grupo que então o detinha, os espanhóis da Prensa Ibérica, que acabou também com A Capital, um dos mais prestigiados títulos de Lisboa.
No caso d' O Comércio do Porto perderam o emprego 50 jornalistas.
Dois anos antes, em 2003, a estação televisiva NTV, um canal regional do Porto criado em 2001 através de uma parceria entre a PT Multimédia e a RTP, dispensou também 25 dos 37 jornalistas contratados a termo certo, tendo acabado por desaparecer para dar origem à actual RTPN, que absorveu os restantes profissionais.
Também em 2003 a Lusomundo Media/PT encerrou a redacção do Porto da revista Notícias Magazine, despedindo os quatro jornalistas que a compunham.
Em 2006 foi a vez de o jornal Público iniciar um processo de rescisões que resultou na saída de 11 jornalistas no Porto (incluindo os correspondentes de Aveiro, Famalicão, Braga e Vila Real), enquanto o semanário Expresso dispensou, em Junho de 2007, dois jornalistas na redacção da cidade.
A estes juntaram-se, em Agosto de 2008, mais 32 jornalistas de outros dos mais antigos diários portugueses, o portuense O Primeiro de Janeiro, alvo de um processo de despedimento colectivo.
Contactado pela agência Lusa, o director da licenciatura de Jornalismo da Universidade do Porto, Rui Centeno, atribuiu este esvaziamento e até encerramento de várias redacções no Porto ao facto de "tudo estar centralizado em Lisboa".
"Como tudo se centra em Lisboa, dispensam-se os mais 'dispensáveis'", lamentou Rui Centeno, que associa também este "desinvestimento" à crise que se vive actualmente e à reestruturação que está a ocorrer nos grupos de comunicação social.
Essa reestruturação, nomeadamente em termos de convergência de meios, "terá repercussões em termos de empregabilidade", sublinhou Rui Centeno.
Enquanto responsável por um curso superior de jornalismo, Rui Centeno manifesta-se "muito preocupado" com a vaga de despedimentos.
Tenta, por isso, encaminhar os alunos para áreas onde o mercado ainda não está saturado, como o jornalismo multimédia e a assessoria.
Também para o director do Centro de Estudos de Comunicação da Universidade do Minho, Manuel Pinto, "as perspectivas que se desenham não são nada tranquilizadoras" .
"E não é preciso ser adivinho para ver borrasca no horizonte", escreveu Manuel Pinto terça-feira (dois dias antes de ser conhecida a decisão da Controlinveste), no blogue colectivo "Jornalismo e Comunicação".
No 'post' intitulado "Borrasca no horizonte", Manuel Pinto apontava vários casos de empresas de comunicação social onde se prevêem despedimentos.
"Num ano de agravamento drástico da crise, um dos sectores que mais se ressente, vital para a viabilidade dos media, é a publicidade. Ora essa fonte decisiva de recursos da economia das empresas mediáticas está a secar a um ritmo que alarma os gestores. Não só na publicidade de agência, mas inclusivamente nos classificados", considera.
Em seu entender, "o único sector que dá sinal de uma agitação que chega a raiar o absurdo é o do marketing. Os jornais, em particular, desdobram-se em iniciativas paralelas, num esforço titânico de atrair os consumidores".
"É caso para perguntar o que significam, de facto, os dados ainda recentemente divulgados pela Marktest relativamente à circulação paga. Que quota desses números representa, efectivamente, a procura da informação? Por outras palavras: como poderão as empresas jornalísticas aguentar uma situação, em que estão, de facto, ainda que indirectamente, a subsidiar a compra dos seus produtos?", acrescenta.
No mesmo blogue e na sequência do texto de Manuel Pinho, o ex-jornalista e académico Joaquim Fidalgo considera que "há, de facto, muita "borrasca" no sector dos media. E já não é apenas no horizonte previsível: ela aí está, muito concreta, a precipitar-se dramaticamente em cima das nossas cabeças...".
As reacções aos últimos despedimentos começam entretanto a ser produzidas, como a do presidente da concelhia do Porto do PS, Orlando Soares Gaspar, que, apesar de "não se querer imiscuir" nas questões de gestão interna das empresas, quis manifestar a sua solidariedade para com os jornalistas despedidos.
"Quanto menos profissionais de qualidade tiver a classe jornalística mais esta fica empobrecida", frisou.
2 comentários:
Confesso, senhor Orlando, que o Seu blog é o meu café da manhã: antes da labuta, dou uma olhadela nesse seu blog. BEM HAJA
Com respeito eu digo: párem de choramingar e criem órgãos ou órgão de notícias independente(s). Se todos esses jornalistas se organizassem e formassem órgãos novos e por ele geridos fariam muito melhor que só chorar chorar! Esse era o KO que os jornalistas deveriam aplicar aos grandes grupos económicos que só sabem brincar às notícias. Párem de choramingar jornalistas, organizem-se criem os vossos órgãos! É um apelo sincero!
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