quinta-feira, junho 10, 2010

E por falar em “raça”, deixem-me que recorde
os que foram (são?) de cá e de lá, de lá e de cá

Faz hoje dois anos que as comemorações do Dia de Portugal ficaram marcadas por uma expressão de Cavaco Silva. O Presidente da República disse então que estava a comemorar o «Dia da Raça».

Essa expressão era utilizada no tempo do Estado Novo para assinalar o 10 de Junho que, hoje, é designado como Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

E por falar em “raça”, os portugueses europeus são uma espécie em crescimento, enquanto os portugueses africanos estão em vias de extinção. Ou seja, proliferam os que têm sempre a porta fechada, vão acabando os que sempre a tiveram aberta.

A grande diferença é que os portugueses europeus, os que sempre viverem em Portugal, sempre consideraram (quiçá com razão) que até prova em contrário, talvez por uma questão de “raça”, todos os estranhos são culpados.

Já os portugueses africanos (esses sei que não é por uma questão de “raça”), parte dos que deram luz ao mundo, entendem que até prova em contrário todos os estranhos são inocentes.

Em África, os portugueses aprenderam a amar a diferença e com ela se multiplicarem. Aprenderam a ser solidários com o seu semelhante, fosse ele preto, castanho, amarelo ou vermelho. Aprenderam a fazer sua uma vivência que não estava nas suas raízes. E não tardou que as raízes de misturassem numa simbiose perfeita.

Na Europa, os portugueses aprenderam (aqui creio que por uma questão de “raça”) a desconfiar da diferença e a neutralizá-la sempre que possível. Aprenderam a ser individualistas mesquinhos e a só aceitar a diferença como exemplo raro das coisas do demónio.

Com o re(in)gresso de milhares de portugueses africanos ao Portugal europeu, a situação alterou-se momentaneamente. Tão momentaneamente que hoje, 35 anos depois da debandada africana, quase se contam pelos dedos de uma mão os que ainda são portugueses africanos.

Isto é, muitos dos portugueses europeus que foram para África tornaram-se facilmente africanos. No entanto, ao re(in)gressarem às origens, à “raça”, ressuscitaram a velha mesquinhez de um país virado para o umbigo, de um país de portas fechadas. Voltaram a ser apenas europeus.

Nessa mesma leva vieram muitos portugueses africanos nascidos em África. Esses não re(in)gressaram em coisa alguma. Mantiveram-se fiéis às suas raízes mas, é claro, tiveram (e ainda têm) de sobreviver. Apesar disso, só olham para o umbigo de vez em quando e as suas portas só estão meias fechadas.

Acresce que muitos destes acabaram por constituir vida em Portugal, muitos casando com portugueses europeus, com iguais de outra”raça”. Por força das circunstâncias, passaram a olhar mais vezes para o umbigo e a porta fechou-se quase completamente.

Chega-se assim aos filhos, nados e criados como “bons” portugueses europeus. Estes só olham para o umbigo e trancaram a porta. Por muito que o pai, ou mãe, lhes digam que até prova em contrário todos (brancos, pretos, amarelos, castanhos ou vermelhos) são inocentes, eles já pouco, ou nada, querem saber disso.

Por força das circunstâncias, os portugueses africanos diluíram-se no deserto europeu, foram colonizados e só resistem alguns malucos que, por força dos seus ideais, ainda acreditam que se o presente de Portugal está na Europa (se é que está) o futuro estará certamente em África.

A não ser que o apelo da “raça” acabe por vingar…

13 comentários:

Anónimo disse...

Grande post, Orlando, grande post!

Carlos Paulo disse...

Que raio de escrita, só prova que não sabe nada sobre o que escreveu!
E anda para aqui a enganar Quem?
Alguns dos meus amigos, direi mesmo a maior parte deles são aquilo a que chama os portugueses africanos, e garanto-lhe pelo que sei, são mais racistas do que alguém possa imaginar, sobre os pretos claro!
Ainda não vão muitos dias, dois destes meus amigos, um nascido em Carmona, outro nascido em Nova Lisboa, ao passarem dois pretos junto a nós dissseram o seguinte como um coro, nós os brancos tivemos que fugir destes negros, roubaram-nos tudo que era nosso, e vêm estes Filhos da Puta destes negros para Portugal, mesclarem-se na nossa Raça!

Orlando Castro disse...

Para o Carlos Paulo (se é que é esse o seu nome):

Como se pode ver pelo comentário da Fada do Bosque, há quem considere que este foi um bom texto.

O Carlos Paulo (se é que é esse o seu nome), acha que não. Está no seu direito. Aliás, mesmo atirando a pedra e escondendo a pata, tem o direito de se descalçar para contar até 12.

Orlando Castro

Anónimo disse...

Orlando este seu texto fez sucesso no fb, especialmente pelas pessoas que vieram de África e no meio deles, pretos.
Pena é que tenham eliminado uma "amiga" (branca e portuguesa) do fb pelos comentários que fez... nem sei quais foram, mas deve ter sido barra pesada contra o nosso Regime... enfim, qualquer dia eliminam-me a mim, pelos posts que faço, tanto seus como do Fred.
Um abraço Orlando e força para continuar.

Armando Quadé disse...

Sr. Orlando Castro, porque nao chamemos o Boy pelo nome?! Portugal, uma vez caracterizada como o pais mais afro-asiatico da Europa, continua sendo o pais mais racista da Europa (considerando a historia de Portugal em relacao a Africa, Asia, Caraibbe e Sul de America). Particularmente em relacao a Africa e os Africanos, a presenca Portuguesa em Africa foi mais de 5 seculos e o imperio Lusitano foi o que mais contribuiu no trafico transatlantico de escravos. Contudo é o povo na Europa com mais quantidade de sangue Africano correndo nas suas veias, o povo Ibero é o que mais discrimina africanos. A presença de africanos em Portugal é mais antiga do próprio país. Em Portugal, um das suas danças e cantares, o Lundum, acaba por dar origem ao Fado, a "canção nacional". Mas até hoje para os Portugueses, um preto so serve para fazer trabalhos sujos e pesados nada mais. Das 20 empresas portuguesas cotadas no índice de valor de Lisboa PSI-20, não há um único negro no concelho de administração, num total de 220 pessoas. Em Portugal nao existe nem um negro como deputado da nacao (mais uma vez considerando a historia de Portugal em relacao a Africa e os Africanos). Por cima, os ``Afro-Lusitanos``ou nao queriam sempre apoderar de tudo nas suas ex-colonias (especialmente agora para fazer face a crise economica, manipulando Cabo-Verde (visa as outras, Guiné por exemplo) e politicos como Carlos Gomes Junior/PM guineense... No fundo é sempre o mesmo jogo d`astucia, o mesmo paternalismo/a mesma arrogância.

Pretos so seram livres de tudo assim que cada um chega a conclusao de que so temos inimigos, mas nunca amigos!!!

Calcinhas de Luanda disse...

É a raça do cão de água português!
Pedir mais seria muito...

#benficanoSM disse...

Ao senhor Armando Quadé.
Porque não colocar essa questão ao senhor Eduardo dos Santos e sua filha, Isabel?

#benficanoSM disse...

Senhor Orlando Castro. Continue com o "raio" da sua escrita.
Quem não perceber que compre um dicionário.
Saudações.

Anónimo disse...

Olá Orlando.
Essa discussão do dicionário já vem do FB, de uns tarados que chegaram á triste conclusão que eu e um "amigo" e vai entre aspas porque é um amigo do FB, somos do SIS. Esses pobres coitados, Da "Verdade Histórica" sem perfil, e que vai eliminando os posts do FB, conforme vão postando, e uma "Ana Cavalcanti", também práticamente sem perfil, tef tef... nem devem ter dormido a pensar que deveriam ter um agente secreto debaixo da cama!
Ao que isto chega... ahahaha!!!

Anónimo disse...

força lando continua com a tua escrita parar e morrer bj emilia

Nascido em Benguela disse...

Pois é!
Oh fada, fadinha diz-me haverá mulher mais bonita do que eu?
Desculpem esta é da branca de neve, e aqui fica só a branca, de alva nada tem!
Mas diz-me fadinha em que loja dos trezentos compras-te a tua varinha mágica, porque eu também quero uma igual, para fazer um sistema!
Fala de sistema, qual sistema?
O Xuxialista-soviético?
Ou o Demo-cracia Xuxialista-soviética?
Para o senhor monhé, desculpe, Quadé! Sobre a venda de escravos estude primeiro história.
E saberá que Ana Joaquina , mulher negra, angolana, era a vendedora dos seus iguais como escravos, e com essas vendas transformou-se na mulher mais rica de África, no seu tempo, vendia os angolanos como escravos, que os americanos, e outros compravam, os portugueses eram os meros intermediários do negócio com as suas galeras, ou navios, e negócios, negócios, amigos à parte!
Mas o que diz sobre a colonização soviética e cubana em Angola?

Que fizeram milhares de bastardos a-mestiçados por violação às mulheres angolanas, outras submetiam-se às práticas sexuais debaixo do terror das armas, e dos subornos?
Que diz sobre os milhões de minas semeadas no solo angolano pelos cubanos, em substituição das sementes, que dão o pão, e das batatas como alimento?
Que diz dos assassinatos cometidos pelos soviéticos e cubanos ao povo angolano mais de um milhão?
Que diz a mais de setenta mil mutilados!
Que diz da fome, marginalização e desprezo pelo povo angolano da parte dos sobas que tomaram pelas armas o poder em Angola e nele se encontram instalados por mão dos soviéticos à mais de três décadas, para único e exclusivo proveito quer dos soviéticos, quer dos sobas angolanos, usados pelos soviéticos como fantoches?
Pois é, estudem, aprendam e pensem, sobre a realidade dos factos, e nunca sobre otupias!
E viva o tal sistema, que não sei qual!

Anónimo disse...

Parece que feri susceptibilidades e ao mesmo tempo arranjei um professor/a que tudo sabe... assim daqueles de meia tigela, cheios de presunção e água benta, que que me diz que falo de SISTEMA. 1º vá buscar uns óculos... depois pode ensinar tudo o que quiser sobre sistemas, isto se eu estiver para aturar simplórios armados em historiadores...
Quanto a Otupias... não é assim que se escreve, mas sim Utopias.
Depois e quando souber escrever, pode mandar os outros estudar!
Neste momento estou a ler "A Morte da Utopia", pode ser que aprenda mais, do que com o seu iluminado comentário!

Anónimo disse...

Já agora para aprender um pouco mais de português Nascido em Benguela, ou M2OPinto, "onde compraste" está correcto, ninguém se compra a se próprio, entendeu?
De resto, vá gamar chumdo para a Sibéria!