Os EUA, que de África só sabem que tem petróleo e negros, avisaram as autoridades da Guiné-Bissau que o novo chefe das Forças Armadas não poderia estar implicado nos acontecimentos de 1 de Abril, como era o caso do major-general António Indjai.
Perante este aviso, o governo de Carlos Gomes Júnior escolheu (e o presidente Balam Bacai Sanhá aceitou) para chefiar as Forças Armadas, nem mais nem menos do que... António Indjai.
Posição idêntica à dos EUA tem sido defendida pela União Europeia, cujos representantes em Bissau, por exemplo, boicotaram ontem uma conferência de sensibilização para a reforma do sector da defesa e da segurança organizada pela ONU e pelo governo guineense.
De acordo com a escolha de António Indjai está, é claro, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Está de acordo com esta escolha, como estaria com qualquer outra. Para a CPLP o importante é estar de acordo, seja com Deus ou com o Diabo e até, se possível, com ambos ao mesmo tempo.
A escolha de António Indjai é, aliás, uma vitória para a CPLP. Desde logo porque o chefe Estado Maior das Forças Armadas de Guiné-Bissau (país da CPLP, recorde-se), nem uma palavrinha sabe dizer, com ou sem Acordo Ortográfico, em... português.
No entanto, reconheço, António Indjai - entre muitos outros - fala uma outra língua internacionalmente, mas sobretudo em África, bem conhecida e de grande poder: o kalashnikovês.
Recorde-se, enquanto não chega o próximo golpe de Estado, que Indjai foi o protagonista dos acontecimentos militares de 1 de Abril e que chegou (embora depois tenha pedido desculpa) a ameaçar de morte o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.
“Peço desculpa pelas palavras que proferi contra o primeiro-ministro. Tinha muita pressão sobre mim, devido à aglomeração de pessoas nas ruas, por isso disse que se o povo não abandonasse as ruas vou mandar matá-lo”, afirmou então o general Indjai.
Na mesma altura, instado sobre se passaria a ser ele o chefe do Estado-Maior, António Indjai disse que não, mas que as Forças Armadas iam aguardar pela indicação “pelos políticos” de um novo responsável.
E então hoje, sob propostas de Carlos Gomes Júnior, ficou a saber-se que é mesmo ele o Chefe... até que um outro militar resolva pôr o seu kalashnikovês a funcionar.
1 comentário:
tenho 22 anos e sou guineense...mas nunca tinha lido uma vardade mais verdadeira que esta que o senhor Orlando Castro escreveu no seu blog.
Como eh que um Chefe de Estado Maior da Forcas Armdas de um pais da CPLP nao sabe falar o portugues..? se houver uma reuniao dos Chefes Estado das Forcas Armdas da CPLP sera que ele vai? ou vao arranjar um intreprete para ele?
que grande desrespeito ao povo guineense.
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