quarta-feira, junho 02, 2010

Morreu Rosa Coutinho. Como detesto mesmo estar em longas filas... não o vou amaldiçoar

Mandam as regras do politicamente correcto, que aqui no Alto Hama nunca se aplicam, que – como vão dizer, mesmo sem sentir, alguns dos políticos portugueses – se lamente a morte hoje do “almirante vermelho”, Rosa Coutinho.

Continuo a pensar que dizer o que pensamos ser a verdade é o melhor predicado dos Homens de bem. E o que penso ser a verdade não me permite elogiar, nem sequer respeitar, uma espécie menor de homem que, quanto a mim, traiu muitos portugueses e desonrou a Pátria que dele fez um alto dirigente.

Recorde-se que Rosa Coutinho, tal como Otelo Saraiva de Carvalho, Costa Gomes, Almeida Santos, Vasco Conçalves e muitos outros queria, em 1975, queria pôr uns milhares de portugueses (eu também lá estava) no Campo Pequeno.


Creio, contudo, que Rosa Coutinho – cujo funeral é amanhã - nunca será amaldiçoado pelos refugiados e retornados de África. Isto porque todos eles detestam estar em longas filas.

Ao contrário dos políticos socialistas, comunistas, de alguns sociais-democratas e democratas-cristãos, a minha memória de Rosa Coutinho e similares começou há muito, muito tempo.

Rosa Coutinho vai, com certeza, ser elogiado como se, de facto, o seu passado não contasse, como se a guerra civil em Angola nada tivesse a ver com as suas atitudes, como se a debandada de milhares e de milhares de portugueses e angolano-portugueses nada tivesse a ver com ele. Mas teve.

Provavelmente vamos ouvir o Governo português (tal como o angolano do MPLA a quem Rosa Coutinho ajudou a entregar o poder) falar de “militar distinto” e “cidadão exemplar”.

Hoje, com a hipocrisia habitual, faz-se crer que a História de Portugal só começou a ser escrita no dia 25 de Abril de 1974. Se assim fosse, não haveria grandes dúvidas: Costa Gomes, Otelo Saraiva de Carvalho, Rosa Coutinho, Víctor Alves, Vítor Crespo, Melo Antunes, Vasco Gonçalves (entre muitos outros) seriam heróis.

Acontece, contudo, que a História (e a memória) desta Nação começa muito, muito antes. E, por isso, falar de “militar distinto” e “cidadão exemplar” é atentar contra essa mesma História.

Para além, é claro, de aviltar a memória de militares e civis, portugueses e angolanos, que com sangue e com a vida ajudaram a escrever as suas páginas.

7 comentários:

mafegos disse...

Como diria o grande António Silva num dos seus filmes:ó almirante vermelho manda de lá saudades que é coisa que cá não deixas.

Anónimo disse...

QUE A TERRA LHE SEJA PESADA!!!
c.d.

Camilo disse...

... E BEM PESADA!!!

Carlos Pinho disse...

Mais um para ombrear com o Miguel de Vasconcelos.

Camilo disse...

Ao pé destes traidores, o Miguel de Vasconcelos era um santo.

Henrique Botelho disse...

Lamento.... que não tenho morrido bem antes, e de preferência num sofrimento bem maior do que o dos milhares de portugueses que traiu!
Um ser execrável, um dos maiores traidores da pátria.
Merece honras de estado, do mpla, da ex-URSS e de Cuba...!!!!
que arda no inferno!!!

Anónimo disse...

Estou 100% de acordo consigo, apoiando-o nesta e em todas as outras análises e críticas que tem efectuado com grande coragem e legítimo direito em nome de todos os refugiados do Ultramar. R.S.