O Presidente angolano decidiu pôr fim à missão militar que tinha na Guiné-Bissau, a Missang. Qual será a jogada?
Ainda no passado dia 4, como resultado do Conselho de Ministros da véspera, o Governo da Guiné-Bissau manifestara a vontade de manter a Missão Angolana de Apoio à Reforma nos Sectores de Defesa e Segurança no país, pedindo até que fosse reforçada de modo a cobrir outros sectores abrangidos pelo projecto “Roteiro CPLP/CEDEAO”.
Ao que tudo indica, o governo de Bissau terá sido obrigado pelos seus militares a desrespeitar o Protocolo para Implementação do Programa de Cooperação Técnico-Militar e de Segurança entre a Guiné-Bissau e a Republica de Angola, levando a que Luanda desse este murro na mesa.
“Louvamos o papel desempenhado pela Missang no nosso país, considerando que ela vem cumprindo de forma significativa na formação de militares e agentes de segurança, na reabilitação de infraestruturas militares e policiais, assim como ainda apetrechamento das Forças Aramadas da Guiné-Bissau com o objetivo de modernizar e transformá-la em Forças Armadas Republicanas”, referia o comunicado do governo que, contudo, não terá merecido grande credibilidade por parte de Luanda.
O Conselho de Ministros, certamente pressentindo que Angola não estava disposta a ser conivente, realçou ainda o papel de José Eduardo dos Santos no apoio ao povo da Guiné-Bissau.
Certo é que, não dando muito crédito à teoria de que o poder militar se submete ao político, o chefe do Estado-maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, defende a saída da Missang do país.
Obedecendo a uma estratégia pouco transparente (como é timbre dos militares guineenses) António Indjai esteve em Luanda em Setembro de 2010 e selou a ida dos militares angolanos. Certamente estaria convencido que as Forças Armadas Angolanas iriam passear e fazer o seu jogo.
Convém recordar que os EUA, que de África só sabem que tem petróleo e negros, avisaram em Junho de 2010 as autoridades da Guiné-Bissau de que o novo chefe das Forças Armadas não poderia estar implicado nos acontecimentos de 1 de Abril, como era o caso do major-general António Indjai.
Perante este aviso, o governo de Carlos Gomes Júnior escolheu (e o então presidente Balam Bacai Sanhá aceitou) para chefiar as Forças Armadas, nem mais nem menos do que... António Indjai.
Posição idêntica à dos EUA fora defendida pela União Europeia, cujos representantes em Bissau, por exemplo, boicotaram até uma conferência de sensibilização para a reforma do sector da defesa e da segurança organizada pela ONU e pelo governo guineense.
Como curiosidade diga-se que António Indjai nem uma palavrinha sabe dizer em português, embora seja exímio numa outra língua internacionalmente conhecida e que dá pelo nome de kalashnikovês.
E enquanto não chega o próximo golpe de Estado, relembre-se que Indjai foi o protagonista dos acontecimentos militares de 1 de Abril de 2010 e que chegou (embora depois tenha pedido desculpa) a ameaçar de morte o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.
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