O Comando Militar da Guiné-Bissau pediu ao ainda presidente de Timor-Leste ajuda para mediar a crise no país. José Ramos-Horta aceitou. Ele está em todas.
A Guiné-Bissau está controlada desde quinta-feira por um Comando Militar, que desencadeou um golpe de estado, mais um, na véspera da campanha eleitoral para a segunda volta das eleições presidenciais, disputadas pelo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e Kumba Ialá, que no entanto se recusa a participar na votação.
Um Conselho Nacional de Transição foi criado ontem pelos partidos de oposição, numa reunião em que o PAIGC, partido no poder, não participou.
O golpe de Estado na Guiné-Bissau mereceu – como sempre acontece - ampla condenação internacional, incluindo da CPLP que, após uma reunião em Lisboa, decidiu propor o que há anos é defendido por muita gente: uma força de interposição com aval da ONU e sanções individualizadas contra os golpistas.
De facto é de enaltecer a disposição de José Ramos-Horta para ajudar, diz ele, todos os que precisam. Recordo-me, aliás, do apelo que fez no dia 14 de Janeiro de 2011 ao Brasil e Angola para que ajudem Portugal.
Não é um apelo feito “por solidariedade para com Portugal, mas com sentido pragmático de Estado, por se tratar de um investimento num país amigo e com uma gestão muito séria, nomeadamente enquanto membro da OCDE”, explicou Ramos Horta.
Gostei. Tanto no caso da Guiné como no de Portugal. Mas, já agora, gostava que Ramos-Horte tivesse um mais lato sentido de observação, nomeadamente no que à Lusofonia respeita. Eu sei que petróleo é petróleo e direitos dos povos são (agora que Timor-Leste já é independente)... uma coisa menor.
No dia 1 de Junho de 2010, por exemplo, Ramos-Horte disse que Marrocos deve honrar os compromissos que assumiu com a comunidade internacional para realizar o referendo no Saara Ocidental.
Pois é. Pena é que, no âmbito da Lusofonia, Ramos-Horta não tenha visão, ou conhecimentos, sobre o que se passa na colónia angolana de Cabinda.
Resta a certeza de que, um dia destes, ainda vamos ver Cavaco Silva e Ramos-Horta, entre muitos outros, entre quase todos, a dizer também que devido a uma mudança no contexto geopolítico, Cabinda não é Angola e o Tibete não é China.
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