A Força de Reacção Imediata (FRI) das Forças Armadas portuguesas, composta por uma fragata, uma corveta e um avião P-3 Orion, partiu hoje ao início da tarde para a Guiné-Bissau.
Consta que, logo que soube da notícia, António Indjai e a sua trupe entraram em pânico e estão já com uma bandeira branca içada na ponta das kalashnikovs.
Por acaso, só mesmo por acaso, alguém se recorda e sabe como é que morreu Ansumane Mané? Vários testemunhos, muitos deles enviados em forma de relatório para a Amnistia Internacional (AI), diziam que o general não foi morto em combate mas que tinha sido capturado, espancado e fuzilado.
A AI considera, ou considerava em 2002, que “só a assumpção total da veracidade dos factos poderá fornecer credibilidade ao governo da Guiné-Bissau perante a Comunidade Internacional, demonstrando o seu empenho para o estabelecimento de um Estado de facto, democrático e empenhado na defesa dos Direitos Humanos”.
A Amnistia Internacional afirma, ou afirmava em 2002, que não foi efectuada qualquer investigação e embora em 2001 tenha sido anunciada a realização de um inquérito parlamentar.
A organização considera, ou considerava em 2002, ser do interesse das autoridades guineenses levar a cabo tal investigação de forma a “levantar as dúvidas suscitadas sobre as circunstâncias da morte do General Ansumane Mané”.
Ansumane Mané era um veterano respeitado da luta pela independência do país contra as forças coloniais portuguesas.
A sua suspensão e posterior demissão de Chefe das Forças Armadas, em 1998, pelo antigo e depois actual e finalmente assassinado, presidente João Bernardo “Nino” Vieira desencadeou – recorde-se - a guerra civil que decorreu na Guiné-Bissau de Junho de 1998 a Maio de 1999.
O general foi o líder da Junta Militar até à tomada de posse do governo eleito em Fevereiro de 2000. Nessa altura, os membros da Junta regressaram aos quartéis, mas conservaram algum poder.
Em Novembro de 2000 a tensão aumentou quando Ansumane Mané discordou da promoção de vários oficiais, feita pelo presidente Kumba Ialá (ou Mohamed Ialá), e a 22 desse mês forças leais ao chefe de Estado prenderam generais e atacaram vários quartéis em Bissau.
Pelo menos 200 soldados foram presos sob suspeita de apoio a Ansumane Mané e a maioria deles permaneceu na prisão até Junho de 2001, sem julgamento ou processo, tendo sido libertados sob fiança.
O General Ansumane Mané fugiu de Bissau com a família e vários oficiais, refugiando-se na missão Católica de Quinhamel. Fugiu posteriormente para o mato com quatro soldados, tendo sido perseguido por tropas leais ao então presidente Kumba Ialá.
A 30 de Novembro as autoridades anunciaram que o general e os seus quatro companheiros tinham sido mortos em confrontos com soldados lealistas na área do Biombo, Quinhamel. As autoridades alegaram ainda que o general tinha tentado derrubar o governo.
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