quarta-feira, abril 18, 2012

E se Cavaco Silva fosse para o Botsuana?

O rei de Espanha, Juan Carlos, pediu hoje desculpa depois da polémica em torno da caçada no Botsuana durante a qual teve um acidente e fracturou a anca.

Eu sei que Cavaco Silva nas suas inúmeras caçadas, directas ou indirectas, aos bolsos rotos dos portugueses, nunca fracturou nem uma unha. Mesmo assim, mesmo sabendo que as suas reformas não chegam para as despesas, seria agradável para os escravos lusos ouvir também um pedido de desculpas.

É claro que Cavaco Silva não se compara a Juan Carlos. Aliás, o presidente português só tem direito,  em termos vitalícios, a 4.152 euros do Banco de Portugal, a 2.328 euros da Universidade Nova de Lisboa e a 2.876 euros de primeiro-ministro.

No reino lusitano também habitam outro tipo de pessoas. Pessoas? Isto é como quem diz! São 1.200 mil desempregados, 20% de miseráveis e outros 20% de semi-miseráveis.

É claro que, no meio da plebe, aparecem sempre as vozes críticas que contestam a necessária e vital opulência de uma Presidência da República que, supostamente – ou talvez não, dirige o destino de um país que recentemente readoptou o esclavagismo.

Dizem esses seres inferiores, e é por isso que são escravos, que os 16 milhões de euros anuais gastos pela Presidência da República são um valor 163 vezes superior à presidência de Ramalho Eanes, gastando o chefe de Estado português  o dobro do rei de Espanha (8 milhões).

Esquecem, no entanto, de dizer que a casta superior fica, mesmo assim, longe dos 112 milhões de euros de Nicolas Sarkozy, ou dos 46,6 milhões da rainha de Inglaterra, Isabel II.

Importa também relevar a importância e imprescindibilidade do séquito que acompanha sua majestade D. Cavaco Silva. Ou  seja, 12 assessores e 24 consultores, além dos restantes especialistas que põem em funcionamento a máquina pessoal do presidente e toda a sua estrutura física.
  
Ao que parece,  Cavaco Silva faz-se rodear de um regimento de quase 500 pessoas, fazendo com que os 300 elementos a trabalhar no Palácio de Buckingham, e os 200 que servem o rei Juan Carlos de Espanha pareçam insignificantes.

Ainda bem que assim acontece. Em alguma coisa Portugal haveria de ser grande. Também o é noutras coisas, como seja o bacanal político, as orgias político-económicas e as festas da abundância em que as sobras alimentam os escravos.

Portugal não dá, aliás, a perceber que o seu povo passa fome. Como não tira os sapatos ninguém percebe que tem a meias rotas. Veja-se, por exemplo, que na 21ª Cimeira Ibero-Americana, realizada no Paraguai, o reino lusitano mostrou toda a sua pujança.

Mostrando mais uma vez a sua coerência e depois de ter dito que “ninguém está imune aos sacrifícios”,  Aníbal Cavaco Silva levou ao Paraguai uma comitiva de 23 super-especialistas, com destaque para o seu médico pessoal e, é claro, para o seu mordomo.

1 comentário:

Anónimo disse...

prof. cavaco.....¿más austero que juan carlos?