sexta-feira, abril 20, 2012

Despedimento colectivo no "Económico"

A Direcção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) de Portugal manifesta, em comunicado,  o seu mais vivo repúdio pelo processo de despedimento colectivo em curso no "Diário Económico" e acusa a empresa de fazer tábua rasa da liberdade negocial.


Segundo o SJ, a empresa notificou formalmente seis jornalistas de que se encontram abrangidos por um processo de despedimento colectivo. Os agora visados tinham rejeitado o processo dito de "rescisões por mútuo acordo", que abrangia 28 trabalhadores escolhidos arbitrariamente.

Contestando o processo de despedimento, tanto nos métodos como nas motivações da empresa, o SJ faz notar que os "argumentos de dificuldades económicas e conjunturais, com a quebra de receitas, as perspectivas de evolução do mercado e a "concorrência feroz", como argumenta a empresa, não podem ser aceites, pois o “Diário Económico”, além de nem sequer alegar prejuízos, faz parte de um grupo poderoso – a Ongoing –, que não está propriamente “à míngua” de recursos próprios nem incapaz de suportar os encargos do jornal.

É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado do SJ:

“1. Seis jornalistas ao serviço do "Diário Económico" que ousaram resistir ao processo de "rescisões por mútuo acordo", que abrangia 28 trabalhadores escolhidos arbitrariamente pela empresa, começaram a ser formalmente notificados de que se encontram abrangidos por um processo de despedimento colectivo.

2. A Direcção do Sindicato dos Jornalistas saúda a resistência, a coragem e a determinação desses camaradas, e manifesta fraterna solidariedade, reiterando o apoio à justa defesa dos seus direitos e interesses, rejeitando o processo de despedimento, tanto nos métodos como nas motivações da empresa.

3. Em relação aos métodos, sublinhe-se a estratégia de compressão absoluta da pretensa liberdade negocial, de que a empresa faz tábua rasa de forma despudorada: quem não aceitou o "negócio" do despedimento, há-de ir para a rua de outra forma!

4. Acresce que os trabalhadores foram seleccionados através de uma avaliação secreta, de cuja existência os jornalistas não tomaram conhecimento e muito menos foram ouvidos, em violação dos seus direitos fundamentais e por isso desprovido de legalidade.

5. Também os argumentos de dificuldades económicas e conjunturais, com a quebra de receitas, as perspectivas de evolução do mercado e a "concorrência feroz", como argumenta a empresa, não podem ser aceites, pois o “Diário Económico”, além de nem sequer alegar prejuízos, faz parte de um grupo poderoso – a Ongoing –, que não está propriamente “à míngua” de recursos próprios nem incapaz de suportar os encargos do jornal.

6. De facto, a Ongoing possui importantes participações sociais, não só em Portugal (além da comunicação social, detém mais de 10% da Portugal Telecom, detém ainda uma participação qualificada no Espírito Santo Financial Group, e, entre outros, gere interesses nos sectores imobiliário, infra-estruturas e energia), mas também em vários países do Mundo e ontem mesmo foi anunciado que fechou a compra do importante portal brasileiro "iG", segundo noticiou o próprio.

7. O Sindicato dos Jornalistas, que deverá intervir no processo de despedimento colectivo, desafia desde já o “Económico” a colocar claramente sobre a mesa, para a fase de informações e negociações, todos os dados necessários à avaliação da situação real e concreta da empresa e do grupo em que se insere, bem como a demonstrar que, mesmo em situação de crise como a que alega, o Grupo Ongoing não tem condições para suportar o jornal.

8. O SJ reafirma o seu apelo à Ongoing e a todas as empresas para que não aproveitem o pretexto da crise para forçar o emagrecimento das redacções, mas que, pelo contrário, reanimem e reforcem a capacidade de trabalho dos jornalistas e de outros trabalhadores, valorizando os órgãos de informação como instrumentos de combate à própria crise. Em épocas de crise, os media devem ser parte da solução e não vítimas do problema!”

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