O governo português resolveu, no maior e criminoso secretismo, suspender as reformas antecipadas. Do mal o menos. Um dia destes suspende mesmo os próprios portugueses.
Como são donos do reino, não foi preciso ouvir as figuras ou entidades decorativas que só existem para troika ver. Parceiros sociais? Sindicatos? Parlamento? Nada disso conta, como ficou provado.
Passos Coelho, com a devida cobertura de Cavaco Silva, traz na testa a lapidar máxima da democracia portugueses: É assim que eu quero, é assim que vai ser feito.
Aliás, de acordo com o diploma em causa – parido por todos aqueles que têm pelo menos três refeições por dia – o mesmo foi referendado. Presumo que o foi entre os invertebrados que se babam quando o querido líder surge, sempre à volta da gamela do Conselho de Ministros.
Há quem diga que, com esta medida engendrada com as mesmas regras de secretismo que caracterizavam o regime de Salazar e cuja inviolabilidade era garantida pela PIDE/DGS, ficarão milhares de pessoas com as expectativas frustradas.
Registe-se, contudo, que a estratégia do Governo é mais do que essa. Passos Coelho espera, deseja e reza para que muitos desses não cheguem sequer a 2014. Ele acredita que muitos vão dar um tiro na cabeça, outros vão ter um ataque cardíaco – se possível fulminante, para não gerar gastos nos hospitais -, e muitos vão emigrar para parte incerta, se possível sem bilhete de regresso.
A Oposição diz que vai "chamar de imediato o ministro Pedro Mota Soares ao Parlamento para dar explicações" e, paralelamente, "pedir a apreciação parlamentar do decreto-lei que o Governo agora fez publicar".
Não adianta. O rapaz está lá para ser um belo exemplar de sipaio da era moderna, para cumprir as ordens de quem manda, no caso Passos Coelho e Miguel Relvas. Mota Soares limita-se, tal como o seu chefe de posto partidário (Paulo Portas), a dar a sua assinatura, em alguns casos se calhar é apenas a impressão digital, a tudo o que é parido nas latrinas do esclavagismo deste governo.
Também é verdade que a Oposição não… nem sai de cima. São atitudes para enganar o povo, nada mais do que efémeras atitudes de quem (como o governo) não vive para servir mas apenas para se servir.
Fica bem à Oposição, sobretudo depois de bem regadas refeições, arrotarem postas de pescada em favor dos mais desprotegidos. Calculam, aliás, que com esses arrotos conseguem alimentar os 1.200 mil desempregados, os 20 por cento de miseráveis e os outros 20 por cento que acreditam que o facto de não verem comida nos pratos se deve a um problema oftalmológico.
Embora numa versão mais europeia (seja lá o que isso for), a estratégia de Passos Coelho inspira-se na dos Khmer Vermelhos de Pol Pot. É mais sofisticada, mas a finalidade é a mesma: instaurar um regime esclavagista.
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