Recordam-se de um grupo de 138 milionários norte-americanos ter enviado uma carta aos líderes do Congresso e ao Presidente dos EUA pedindo que lhes sejam aumentados os impostos “pelo bem do país”?
Os milionários portugueses, aproveitando o exemplo dos congéneres do Tio Sam, escreveram ao Governo – com cópia à troika – pedindo que lhes sejam reduzidos os impostos, também “pelo bem do país”.
“Por favor façam a coisa certa e aumentem os nossos impostos”, dizem estes empresários, todos membros do grupo Milionários Patrióticos pela Solidez Fiscal, criado em Novembro de 2010, quando estava em discussão no Congresso uma proposta – que chumbou – para pôr fim às isenções fiscais para os milionários que tinham sido aprovadas durante a era de George Bush.
O milionários (norte-americanos, recorde-se) argumentam que “em nome da saúde fiscal e do bem-estar dos cidadãos” devem ser aumentados os impostos a todos aqueles que ganham mais de um milhão de dólares por ano.
“O nosso país tem de fazer a escolha: podemos pagar as nossas dívidas e construir algo para o futuro ou podemos fugir às nossas responsabilidades fiscais e prejudicar o potencial do nosso país”, dizem os norte-americanos.
Por sua vez os milionários portugueses, inspirados neste exemplo, dizem: “O nosso país tem de fazer a escolha: podemos pagar as nossas dívidas e construir algo para o futuro ou podemos fugir às nossas responsabilidades fiscais e prejudicar o potencial do nosso país”. Mas acrescenta: “para isso têm de baixar os nossos impostos”.
Estes Milionários Patrióticos frisam ainda que “beneficiaram” da saúde económica e financeira norte-americana no passado e que querem agora dar a sua “contribuição” para que outros “possam também ter sucesso”.
No caso português, importa dizer que se calhar nem sequer há milionários. António Mexia, presidente executivo da EDP, que recebeu uma remuneração 1,04 milhões de euros no ano passado, um valor em tudo semelhante ao auferido em 2010, é um pobretanas que nem sabe, tal como Cavaco Silva, se vai ter dinheiro para as mais comezinhas despesas.
Bem melhor, porque não têm de faze contas, estão os 1.200 mil desempregados, os 20% de pobres e mais 20% de cidadãos que já não sabem o que é uma refeição.
Mais preocupante, por exemplo, é a situação os gestores portugueses que só recebem, em média, mais 32% do que os gestores norte-americanos; mais 22,5% do que os gestores franceses; mais 55% do que os gestores finlandeses e mais 56,5% do que os gestores suecos. O caso do presidente da Caixa Geral de Depósitos, banco do Estado, Faria de Oliveira, é paradigmático. Só ganha mais na CGD do que Christine Lagarde no Fundo Monetário Internacional…
Já agora, os trabalhadores portugueses (os que ainda têm trabalho) ganham cerca de metade (55%) do que ganham os trabalhadores dos restantes 27 países da União Europeia.
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