sexta-feira, abril 27, 2012

E que tal aprender com Passos Coelho?


O economista e vencedor do prémio Nobel, Joseph Stiglitz, afirma que a Europa está numa situação complicada devido às medidas de austeridade que estão a empurrar o continente "para o suicídio".

Vê-se bem que o homem não percebe nada da matéria. Bastar-lhe-ia falar com o primeiro-ministro de Portugal para perceber que, afinal, é exactamente ao contrário.

Tão ao contrário que o governo português já não aplica a austeridade a cidadãos como António Mexia, presidente executivo da EDP, que recebeu uma remuneração 1,04 milhões de euros no ano passado, um valor em tudo semelhante ao auferido em 2010.

Tão ao contrário que o governo português já não aplica a austeridade a cidadãos como Cavaco Silva, Joaquim Pina Moura, Jorge Coelho, Armando Vara, Manuel Dias Loureiro, Fernando Gomes, António Vitorino, Luís Parreirão, José Penedos, Luís Mira Amaral, António Castro Guerra, Joaquim Ferreira do Amaral, Filipe Baptista, Ascenso Simões, Faria de Oliveira ou Eduardo Catroga.

“Nunca houve um programa de austeridade bem sucedido num país grande", declarou ontem o economista aos jornalistas, em Viena, e hoje citado hoje pela agência Bloomberg.

Aí está uma colossal diferença. Portugal é um país pequeno e, ao contrário dos grandes, tem a vantagem de um dia destes ser resgatado do fundo e emergir ali para os lados do Norte de África.

Se a Grécia fosse o único país europeu a aplicar medidas de austeridade, os responsáveis europeus poderiam ignorá-lo, considerou Stiglitz, "mas com o Reino Unido, a França e todos estes países a sofrer a austeridade é como se fosse uma austeridade conjunta e as consequências económicas vão ser duras".

Nada disso. Joseph Stiglitz  deveria reparar que Passos Coelho disse (ainda não era primeiro-ministro, mas foi com isso que lá chegou) “aceitarei reduções nas deduções no dia em que o governo anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias. Sabemos hoje que o Governo fez de conta. Disse que ia cortar e não cortou. Nas despesas correntes do Estado, há 10% a 15% de despesas que podem ser reduzidas”.

Embora os líderes da zona euro "tenham percebido que a austeridade por si ó não funciona e que é preciso crescimento", não houve ações nesse sentido "e o que acordaram fazer em dezembro é uma receita para garantir que vai morrer", afirmou Joseph Stiglitz referindo-se ao euro.

E acrescentou: "A austeridade combinada como os constrangimentos do euro é uma combinação fatal".

Stigltiz admite uma zona euro de "um ou dois países", constituída pela Alemanha e possivelmente a Holanda e a Finlândia, como "o cenário mais provável se a Europa mantiver a abordagem de austeridade" que levará a altos níveis de desemprego, como o de Espanha que atinge 50 por cento nos jovens desde a crise de 2008, "sem esperança de melhorias nos próximos tempos".

"O que estão a fazer é destruir o capital humano, estão a criar jovens alienados", alertou Joseph Stiglitz. Será que essa dos jovens alienados era dirigida a Passos Coelho? Fica a dúvida para uns e a certeza para a maioria.

Para impulsionar o crescimento os líderes europeus terão, segundo Joseph Stiglitz , de redirecionar as despesas públicas para "utilizar ao máximo" instituições como o Banco Europeu de Investimento e introduzir impostos que melhorem o desempenho económico.

Para que Joseph Stiglitz  não continue a dizer asneiras, aui fica parte da receita de Passos Coelho: “Vamos ter de cortar em gorduras e de poupar. O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos. Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos”.

Ou ainda, “queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado. Já estamos fartos de um Governo que nunca sabe o que diz e nunca sabe o que assina em nome de Portugal”.

Mas também, “se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas. Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português”.

Além do mais, “já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate.”

1 comentário:

D-Man disse...

De facto parece um disparate.
Por quem se sente enganado depois de ter apoiado esta politica, as palavras de ordem devem ser ditas de modo nu e cru:
-Toda esta situação se deve a quatro décadas de bloco central, todos eles cagaram em cima do povo. Falam, falam e não dizem nada...