quinta-feira, abril 26, 2012

As armas e os ladrões assinalados


A Polícia de Segurança Pública de Portugal afirmou hoje que existem no país mais de 1,4 milhões de armas legais, tendo sido emitidas em 2011 perto de 21 mil novas licenças de uso e porte  de armas.

Tirando as legais, quer-me parecer que o número das ilegais até dava para começar uma revolução. Aliás, se calhar ainda há algumas em boas mãos do tempo do próprio PREC de 1974.

O relatório do Departamento de Armas e Explosivos da PSP revela ainda que a maior parte das novas licenças diz respeito a armas de caça, tendo sido emitidos 11.777 dos 20.845 pedidos de licença efectuados no ano passado.

Não sei se não há mais caçadores do que caça, razão pela qual me parece que a finalidade de muitas delas possa ser, um dia destes, fazer justiça pelas próprias mãos. Em desespero, os escravos são capazes de puxar o gatilho. E como há cada vez mais escravos, ainda por cima esqueléticos…

Eu sei, por exemplo, que os reformados não precisam de aumentos nas pensões e que bem podem viver sem 13º e 14º mês. Aliás, não pagam não pagam a luz, o gás, as rendas, os remédios como todas as outras categorias.

Estarão, por isso, fora dos que podem pegar em armas. Pelo contrário, os deputados, os juízes, os ministros, os gestores do que é público etc.  têm de trabalhar duro para conseguir o pouco que têm. Se calhar estes vão querar fazer justiça.

O Departamento de Armas e Explosivos da PSP, que pela primeira vez faz um relatório anual da sua actividade, indica também que foram apreendidas ou entregues em 2011 uma média de 18 armas de fogo por dia, num total de 4.150 apreensões.

Os portugueses são, de facto, um povo pacato. Até entregam as armas que, salvo melhor opção, poderiam servir para ajudar o seu pobre país a produzir riqueza em vez de ricos.

No ano passado a PSP apreendeu também 233.447 quilos de explosivos nas 2.057 fiscalizações realizadas junto de locais de fabrico, depósito e consumo de explosivos. Que chatice. Ao ritmo a que os portugueses entregam as armas e com a apreensão de explosivos será difícil, creio, levar os donos do reino a perceber que quando a força da razão não resulta, a única opção é mesmo a razão da força.

As armas e os ladrões assinalados / Que na ocidental praia lusitana, / continuam a explorar os desgraçados / neles vendo uma casta insana.

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