O primeiro-ministro daquele reino situado a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos, deu (ou pagou?) uma entrevista ao jornal alemão "Die Welt".
Do alto da sua cátedra de perito dos peritos, Passos Coelho admitiu que Portugal pode não regressar aos mercados em 2013, lembrando que se for necessário está garantida a ajuda financeira do FMI e da UE.
"Eu não sei se Portugal regressará aos mercados em Setembro de 2013 ou mais tarde. Naturalmente que eu quero isso mas, se por qualquer razão que não tenha a ver com a aplicação do programa, isso não funcionar, então o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE) manterão a ajuda a Portugal. Já deram garantias disso", disse Pedro Passos Coelho.
É verdade. A humildade é confrangedora. É claro que Passos Coelho também não pode garantir que Portugal volte um dia a ser independente e um verdadeiro Estado de Direito, tal como não pode garantir que daqui a meia dúzia de anos ainda existam nas ocidentais praias lusitanas servos suficientes para amamentar a classe dominante.
Passos Coelho continua assim a garantir que com ele Portugal não vai morrer da doença. Isso está à vista. Vai – isso sim - morrer da cura. Garante também que se os portugueses deixarem de comer durante um ano, a economia estará salva…
Recentemente, Pedro Passos Coelho afirmou (e dizer às segundas, quartas e sextas uma coisa e às terças, quintas e sábados outra, é o seu lema) que "Portugal não pedirá mais tempo nem mais dinheiro" para concretizar o Programa de Assistência Económica e Financeira acordado com a União Europeia e com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Como ainda está para nascer um líder partidário que minta tanto quanto ele, não creio que os portugueses acreditem no que diz. Mas, é verdade, nunca se sabe.
Passos Coelho, entre muitos outros com a sua residual honorabilidade, faz lembrar Mohamed Said Al-Sahaf, o ministro iraquiano da informação que, na mesma altura em que os jornalistas já viam da sala onde falavam com ele os tanques dentro de Bagdade, garantia a pés juntos que as tropas norte-americanas estavam longe da capital e a levar porrada a torto e a direito.
Os socialistas acusam o Governo de “sobre-orçamentação” na despesa, de modo a imputar ao Executivo de José Sócrates a responsabilidade do “desvio colossal” nas contas públicas. O secretário de Estado do Orçamento, Luís Morais Sarmento, responde na mesma moeda, acusando o anterior Governo de ter provocado um desvio de que “não há memória” no primeiro semestre do ano passado.
E é assim que o primeiro-ministro desse reino que já foi nação aposta novamente na estratégia de tratar a maioria dos portugueses como trata a maioria dos seus súbditos partidários: mentecaptos.
Pelo menos os sociais-democratas aplaudem, o que se calhar é normal... Aliás, cada vez mais, o que é normal para Passos Coelho não o é para o país. A seriedade e o rigor não são compatíveis nem com o presidente do PSD, nem com o primeiro-ministro.
Brincando política e mentalmente ao pé-coxinho com os portugueses, sobretudo com os mais de 1.200 mil desempregados, com os 20 por cento de pobres e com os outros 20 por cento que passam a vida a olhar para os pratos vazios, Passos Coelho sacode a água do capote e veste a farda do político impoluto que, no mínimo, se assemelha a Deus e que só não fez mais pelos seus servos porque foi Judas quem lhe deixou a gamela vazia.
Afinal quem reduziu os salários, quem congelou as pensões, quem impede as reformas antecipadas, quem rouba os subsídios de férias de Natal, quem pôs Portugal com uma mão atrás e outra à frente, foi Passos Coelho por culpa óbvia de Sócrates que, por sua vez, remete o ónus para Salazar.
Portugal, pelos vistos, nunca teve dois tão bons primeiros-ministros como o que está e o que esteve. E se o próprio José Sócrates dizia que "estava para nascer um primeiro-ministro que faça melhor do que eu", Passos Coelho bem pode dizer que está para nascer um primeiro-ministro que, para além de mentiroso, tanto tenha feito para institucionalizar o esclavagismo em Portugal.
E quando assim é, e quando os portugueses permitem que assim seja, o melhor é nomear uma comissão liquidatária.
Passos Coelho usou todos os meios para chegar a primeiro-ministro. O país pouco o preocupa. Os cidadãos nada o preocupam. O que o verdadeiramente preocupa é o poder e, eventualmente, a situação de carência absoluta do presidente da República.
Quem de facto faz tudo, saltando das mentiras em campanha eleitoral para as aldrabices governativas, para dar aos portugueses uma máquina de fazer sonhos que é capaz de projectar comida nos pratos, é Passos Coelho.
Mas, ao que parece, os portugueses continuam a dizer que “quanto mais me bates, mais eu gosto de ti”.
E a ser assim, parafraseando José Sócrates e Passos Coelho, ainda está para nascer um povo que consiga contar até 12 sem ter de se descalçar...
E enquanto isso, Passos Coelho continua a garantir que com ele Portugal não vai morrer da doença. Vai morrer da cura.
1 comentário:
Olá Orlando,
A brincar a brincar, estive na quinta feira com alguém por dentro da matéria e que me afirmou, que os portugueses em poucos anos estarão extintos, bem como os gregos.
Um abraço.
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