quarta-feira, abril 18, 2012

Jornalistas são espécie (quase) extinta

Nos últimos cinco anos (2007-2011), deram entrada na Caixa de Previdência e Abono de Família dos Jornalistas (CPAFJ) 566 novos pedidos de subsídio de desemprego, num total de 694 processos.

Estes dados fazem parte de um estudo do Sindicato dos Jornalistas (SJ) de Portugal sobre o desemprego na classe, que tem vindo a agravar-se.

Diz o SJ que, só no ano passado, entraram na CPAFJ 168 novos processos, dos quais 134 diziam respeito a subsídio de desemprego, o que representou um aumento de 16,5% em relação a 2010, e 25 pedidos de subsídio social de desemprego.

Os elementos apresentados têm em conta apenas os processos tratados na Caixa dos Jornalistas, desconhecendo-se dados sobre profissionais que estão inscritos nos centros regionais de Segurança Social e não na CPAFJ.

No primeiro trimestre deste ano, o número de processos atingiu quase quatro dezenas, conclui o SJ, que alerta para os efeitos negativos na vida dos jornalistas e das suas famílias, bem como para o desgaste de recursos da Segurança Social. Em média, no decénio 2002-2011, a Caixa pagou mais de 2,7 milhões de euros por ano em subsídios.

O  SJ alerta para os efeitos negativos na capacidade das próprias empresas jornalísticas, com a erosão do capital de memória e de experiência a que conduzem sucessivos despedimentos de jornalistas, com reflexos na qualidade da informação e perda para a própria democracia.

O documento chama a atenção para o peso das grandes empresas e grupos no volume desemprego de jornalistas, destacando dez empresas ou grupos que, no último triénio, geraram cinco ou mais processos num ou mais anos.

No último ano, o grupo Cofina respondeu por mais de um quarto dos 118 novos processos gerados em 2011 pelo conjunto de dez empresas/grupos que mais têm despedido. Segue-se a Controlinveste, com 18,6%, e a Impresa (17%).

No triénio 2009-2011, o grupo Controlinveste liderou, com 29,5%, o ranking das empresas responsáveis por 342 pedidos de subsídio nesse período, sendo seguido pela Cofina (16,7%) e a Impala (14%).

O SJ adverte ainda para as condições em que ocorrem muitos despedimentos, sob a forma de rescisões ditas amigáveis, deixando uma dúzia de alertas, inclusivamente para as fórmulas de cálculo das indemnizações e para a omissão de créditos nos processos negociações, sublinhando a importância do acompanhamento jurídico e da organização sindical nas empresas.

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