Não sei
porque carga de chuva (apesar da seca), mas ainda há portugueses que pensam que
o seu Governo sabe, ou quer, dialogar, nomeadamente com os supostos parceiros
da concertação social.
Seria,
aliás, a primeira vez que um governo esclavagista dialogaria com os escravos.
Por isso, os cidadãos de segunda que tirem o cavalinho da chuva porque, citando
Afonso Camões, presidente da Lusa e ex-administrador da Controlinveste, Passos
Coelho só sabe dizer que “é assim que eu quero, é assim que vai ser”.
E não
adianta criticar o primeiro-ministro porque, de forma democrática, foi ele o
escolhido pela plebe. É claro que os escravos estariam à espera da prometida
carta de alforria mas, mais uma vez, Passos Coelho demonstrou como é fácil
enganar um povo que estava ávido de mudanças.
Em teoria,
tal como supostamente defende o Presidente da República, também o “africanista
de Massamá” advoga um "diálogo frutuoso e construtivo" entre os que
mandam e os que são voluntariamente obrigados a aceitar viver sem comer, sem
emprego e sem ir ao médico.
Certamente
que, com diálogo e entendimento, a “insuficiência alimentar” dos que já só
sonham com uma refeição será mais fácil de digerir. Estou mesmo a ver muitos
portugueses a arrotar de satisfação depois de sonharem com um prato de comida.
Mesmo agora
que estão esqueléticos como resultado da – citando Cavaco Silva - “insuficiência
alimentar”, os portugueses continuam a acreditar que o diálogo os levará a
serem uma espécie de património imaterial das ocidentais praias lusitanas.
Ainda não há
muito tempo, Pedro Passos Coelho assegurava que "o Governo está, como
sempre esteve, aberto ao diálogo com todas as forças políticas e sociais que
queiram participar activamente no debate acerca de todas as escolhas".
Aí está o
primeiro-ministro de Portugal ao seu melhor nível. Isto é, a mentir e a passar
atestado de menoridade aos portugueses que nele acreditaram, levando na mesma
onda os que nunca foram à sua missa.
O primeiro-ministro
assegurou que "o Governo valoriza o consenso político em torno das grandes
questões estratégicas nacionais", tendo mesmo o desplante de garantir que
quer "manter um contacto construtivo constante com o principal partido da
oposição" em todas aquelas matérias.
Mesmo para
os portugueses que votaram em Passos Coelho mas que, nesta altura, já têm
dúvidas se o primeiro-ministro não será Miguel Relvas, as palavras deste governo pouco mais são do
que a confirmação de alguém que acredita ser um ser superior e, por isso, dono
de todos aqueles que tentam sobreviver no estado esclavagista que está a construir.
"O
debate político frutuoso e a coesão social são condições decisivas para a
superação da emergência nacional", acrescentou o chefe do governo, para
quem não basta ter os seus servos a aprender a viver sem comer, pelo que ainda
entende que eles não têm direito de pensar… a não ser que seja pela cabeça do
sumo pontífice do reino.
"Não
bastam os votos na Assembleia da República dos deputados da maioria para
superar a emergência nacional", sublinhou, defendendo ser "necessária
a convergência de todas as forças políticas e sociais em Portugal".
Falando para
um país que sabe ainda não estar suficientemente castrado e de barriga vazia,
Passos Coelho continua a fazer gala da sua capacidade de impor a regra de ouro
deste governo: quero, posso e mando. Quem não estiver bem, acrescenta, que
abandone a “zona de conforto” e vá pensar para outros reinos.
Para Passos
Coelho, todos (menos os seus lacaios) são culpados até prova em contrário. Não tardará muito que
vá dizer que ainda está para nascer um primeiro-ministro que tenha feito, pelos
portugueses, tanto como ele.
E tendo em
conta os seus objectivos e aspirações, até está a fazer obra. Por exemplo,
conseguiu uma nova dieta alimentar para a maioria dos portugueses. Se os porcos
propriamente ditos comem farelo e não morrem, os escravos portugueses também o
podem fazer.
Há coisas
que este governo quer ressuscitar que foram extintas há centenas de anos. Mas a
verdade é que, perante a passividade de todos, Passos Coelho está a dar corpo a
mais uma forma de escravatura.
Para além de
serem obrigados a pensar com a barriga… vazia, os escravos (excluem-se desta
categoria os políticos, directores, administradores, gestores, patrões e
similares) até deveriam era trabalhar sem ganhar ou, até, pagar para trabalhar,
sendo com certeza essa a melhor metodologia para vencer a crise.
Como bem
sabem os 1.200 mil desempregados, os 20% que ainda vivem (isto é como quem diz)
na miséria e os outros 20% que a têm à porta, em todas as sociedades (é o caso
de Portugal) em que existem seres
superiores e inferiores, em que os esclavagistas estão no poder, os escravos
têm de pagar os manjares dos seus donos, seja pelas pensões vitalícias ou por
outros emolumentos.
Aliás, por
muito que seja o dinheiro envolvido na chulice, importa reconhecer que os
políticos portugueses, os de ontem e os de hoje (a fazer fé nas fábricas
partidárias, possivelmente também os de amanhã), são mesmo seres superiores
que, como exímios azeiteiros, exploram os escravos até ao tutano. E exploram
porque tal lhes é permitido. E sé é isso que a plebe quer, não há nada a fazer.
Aliás, basta
ver a galeria de notáveis e superiores cidadãos lusos para ter a certeza de que
todos eles, de Dias Loureiro a Oliveira e Costa ou Ângelo Correia, de Jorge
Coelho a Armando Vara merecem tudo o que
recebem e ainda muito mais.
Se em
Portugal a casta superior é constituída por todos aqueles que trabalham não
para os milhões que têm pouco ou nada (os escravos), mas sim para os poucos que
têm cada vez mais milhões, ninguém pode dizer que eles não são competentes e
merecedores que os plebeus continuem a pagar para manter a sua mama.
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