A troika está, no que eu reino lusitano respeita, no bom caminho. E se ela está, o governo também está. Os únicos que não estão no bom caminho são os… portugueses. Mas esses não contam.
Cá para mim a troika deveria ainda ir mais longe. E basta um ténue sinal que Passos Coelho alinha logo. Os donos dos donos de Portugal aventam a possibilidade de tornar permanentes os cortes nos subsídios de férias e de Natal no sector público.
O dial seria pagar esses dois subsídios e retirar, tanto à função pública como aos restantes trabalhadores, os doze meses de ordenado que por regra (embora isso comece a ser uma excepção) são pagos.
Creio que está seria uma boa medida que, aliás, vou endereçar ao Governo português a aos peritos dos peritos da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional.
Eles, os tais que comem tudo e não deixam nada, também querem reduzir para 18 meses o subsídio de desemprego. Nada de mais errado. Por mim, decretava o fim do subsídio de desemprego, tal como o de doença e até das reformas.
Aliás, faria acompanhar estas medidas pela obrigatoriedade de serem os trabalhadores a pagarem à entidade patronal para terem emprego.
A validade desta minha teoria é fácil de entender. Se os portugueses aceitarem ter apenas uma refeição por dia, o problema do país estará resolvido ao fim de um ano. Ora, como o problema tem de ser resolvido em meio ano...
Mas há mais soluções. A PSP registou, durante o ano passado, 2.872 casos de idosos encontrados mortos em casa. Já viram o que Portugal pouparia se esse número fosse muoto bem multiplicado?
Os casos dizem respeito a pessoas com 60 ou mais anos, que morreram em casa sem qualquer tipo de assistência médica e que foram descobertas pela PSP, muitas vezes em conjunto com outras autoridades.
Valha, contudo, a certeza de que o governo quer resolver alguns dos mais sérios problemas do reino. Pelo que está a fazer pode ter-se a certeza de que Portugal vai mesmo ser um país diferente.
A esperança média de vida vai diminuir porque os velhotes vão morrer bem mais cedo, porque os de meia idade não vão chegar a velhos e porque os mais novos não poderão ter filhos.
Além disso, a esmagadora maioria dos portugueses vai deixar de consumir definitivamente antibióticos e outros medicamentos, contribuindo assim para pôr em ordem as contas do Serviço Nacional de Saúde.
Isto porque, para além do preço (que não podem pagar), esses fármacos devem ser tomados depois de uma coisa que hoje é uma miragem: refeições.
Como é óbvio, nenhuma destas medidas seria aplicada aos cidadãos de primeira do tipo Cavaco Silva, Joaquim Pina Moura, Jorge Coelho, Armando Vara, Manuel Dias Loureiro, Fernando Gomes, António Vitorino, Luís Parreirão, José Penedos, Luís Mira Amaral, António Mexia, António Castro Guerra, Joaquim Ferreira do Amaral, Filipe Baptista, Ascenso Simões, Faria de Oliveira ou Eduardo Catroga.
Recordo-me de o ministro da Solidariedade e Segurança Social ter considerado no passado dia 12 de Dezembro "preocupante" o número de idosos em situação de risco, afirmando que é necessário agir de forma "muito determinada" para sinalizar estes casos e garantir a protecção destas pessoas.
Quem diria? Idosos em situação preocupante? Em Portugal? É mesmo estranho, desde logo porque se sabe que só existem 1.200 mil desempregados, 20% de miseráveis e outros tantos cujo grande objectivo de vida é pôr alguma coisa nos pratos.
E enquanto estas medidas urgentes não são implementadas, sugiro que se vá dando uma sardinha (no caso para dividir por vários) sem ensinar a pescar, já não os idosos mas os filhos. Se bem que mesmo os filhos já estão também esqueléticos de tanto tentarem, como quer o Governo, viver sem comer.
No dia 20 de Fevereiro de 2010 (eu sei que se ele já nem se lembra do que disse ontem…) Pedro Miguel Passos Relvas Coelho disse no Porto, que "Portugal estava a bater no fundo". Hoje, com a sua ajuda, está a cavar mais uns metros no fundo…
Os portugueses quiseram mudar, mas escolherem farinha do mesmo saco. Esperavam que Passos Coelho e o PSD os tirassem do pântano movediço. Mas, mais uma vez, o resultado está à vista. Em poucos meses o Governo já conseguiu cavar mais uns metros, tornando ainda mais fundo e putrefacto o pântano.
Ao contrário do que prometera, Passos Coelho entende que condenar os portugueses ao insucesso é a melhor forma de recuperar o que resta. Disse aos portugueses que havia uma ponte que os levaria para a outra margem. Eles acreditaram. Hoje, chegados ao meio da travessia, concluem que afinal nem ponte existe.
Não deixa, contudo, de ser verdade que o PSD continua a ter muita gente à sua volta. Não faltam energúmenos para quem chafurdar na merda é uma questão de sobrevivência e, por regra, muito bem paga.
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