Os norte-americanos não estavam à espera do debate entre John McCain e Barack Obama para escolher. Se estavam, terão ficado desiludidos. Todos ficaram a saber o que já sabiam. Foi um empate entre dois cavalheiros da política dos EUA.
O democrata Barack Obama e o republicano John McCain empataram no primeiro debate televisivo que teve lugar na no palco da Universidade de Mississippi, embora ambos tenham de quando em vez tentado jogar no contra-ataque. O sistema adoptado foi de tal maneira previsível que nenhum deles conseguiu abrir brechas.
Obama, o primeiro a falar, aproveitou a oportunidade para dar a entender que ia jogar ao ataque e associou McCain às principais políticas impopulares do presidente George W. Bush.
"Temos de admitir que esta crise é o ponto final de oito anos de uma política económica equivocada conduzida por George W. Bush e apoiada pelo senador McCain", afirmou o senador de Illinois, aproveitando para recordar que, no Senado, McCain aprovou "90% dos projetos de Bush".
McCain, que certamente já contava com esta jogada, respondeu dizendo que se "opôs ao presidente Bush nas despesas, no aquecimento global, na tortura aos prisioneiros em Guantánamo, na forma como foi conduzida a guerra no Iraque", acrescentando que a lista era bem maior, mas que não era necessário apresentá-la toda por que os "americanos conhecem-me bem".
E da defesa, McCain passou ao ataque, dizendo que "Obama tem o recorde dos votos mais à esquerda" no Congresso.
As maiores divergências, mas nem por isso decisivas ou inovadoras para o eleitorado, surgiram ao nível dass questões internacionais.
O senador de Arizona acusou o seu adversário de ter aprovado algo que qualificou de "incrível": fazer "cortes nos fundos para os soldados no Iraque e no Afeganistão".
"O senador McCain está totalmente certo, a violência diminuiu no Iraque", admitiu Obama, atribuindo os bons resultados registados à "acção brilhante" dos soldados americanos. "No entanto, acrescentou com uma ponta de humor, o John gosta de fazer de conta que a guerra começou em 2007".
Puxando dos galões de veterano do Vietname e de ex-prisioneiro de guerra, McCain disse "temer que Obama não entenda a diferença entre tática e estratégia". O Irão e a Rússia foram outros dos principais pontos de alguma divergência entre os candidatos.
Obama defendeu uma "diplomacia firme e directa" com o Irão, reafirmando o seu "direito" (na qualidade de presidente) de se encontrar com as pessoas que quiser na hora em que bem entender, "desde que pense que isso pode contribuir para a segurança dos EUA".
John McCain ironizou com o que considerou ser a "ingenuidade" de Obama, explicando que aceitar encontrar-se com o presidente de um país como Irão significa dar legitimidade às suas declarações. McCaina recordou que Mahmud Ahmadinejad prometeu diversas vezes "varrer Israel do mapa".
Outros dois debates entre Obama e McCain estão previstos para os dias 7 e 15 de Outubro. Os candidatos à vice-Presidência, Joe Biden e Sarah Palin, estarão frente a frente no dia 2 de Outubro. A eleição presidencial está marcada para o dia 4 de Novembro.
Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)/Orlando Castro
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