"Como jornalistas, temos o direito de falar com qualquer organização. Somos os olhos do mundo. Sim, falei com os talibãs como qualquer outro repórter. Viajei com eles. Fiz reportagens sobre eles. Não são meus tios nem irmãos, são talibãs. Falei com eles tal como falei com a NATO. Se só ouvirmos uma parte, somos inúteis."
A afirmação é de Jawed Ahmad, jornalista afegão, que esteve onze meses detido numa base norte-americana, sob acusação de ser taliã, e que agora foi solto. Solto depois de, acusa, ter sido “democraticamente” torturado pelos militares do Tio Sam.
É claro que, na óptica dos EUA (neste caso) os jornalistas só podem ouvir uma das partes. A deles.
E, se a regra dos EUA é essa, porque carga de chuva não poderá o MPLA fazer o mesmo? Portanto, ao prender e condenar (com provas falsas) o jornalista angolano Fernando Lelo, antigo correspondente da Voz da América no território de Cabinda, ocupado militarmente por Angola, Luanda limita-se a seguir os exemplos que mais que lhe agradam.
Jawed Ahmad contou que os militares norte-americanos o ameaçaram de que o mandariam para Guantánamo durante anos. Raparam-lhe o cabelo, vestiram-no com o fato prisional cor-de-laranja e transportaram-no de avião para a base principal dos EUA em Bagram.
A capitã Kymberley Juradl, porta-voz militar dos EUA, disse que Ahmad teve acesso ao tratamento médico de rotina quando esteve em Bagram, onde se encontrou com o Comité Internacional da Cruz Vermelha e que nunca apresentou queixas de ter sido maltratado, acrescentado, pois claro, que “o pessoal dos EUA está treinado para respeitar toda a gente e não maltratamos as pessoas dessa maneira".
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