Sendo verdade en qualquer parte do mundo que o poder corrompe e que o poder total corrompe totalmente, não é difícil ver como será Angola nos próximos quatro anos que, aliás, se somam aos 33 que o MPLA já leva no poder.
Paradigmática é, igualmente, a satisfação do Ocidente (bem visível no governo português) perante uma situação de poder total.
A satisfação ocidental é compreensível à luz de critérios meramente económicos. No entanto, de Portugal esperar-se-ia algo mais do que a simples tese de que tudo está bem desde que se chegue com relativa facilidade ao petróleo, aos diamantes, às matérias primas.
Colocar os angolanos como factor secundário no contexto das relações bilaterais é, na minha opinião, uma estratégia que acabará por ter graves consequências para os portugueses.
Ao contrário do que afirma o governo de Lisboa, o que agora se passou em Angola não se traduziu na implantação da democracia, muitos menos na sua fortificação. Tudo se resumiu à continuação da ditadura que foi implantada em 1975, também aí por obra e graça de Portugal.
Portugal, numa altura em que pela mão de José Sócrates o país parece ter descoberto a pólvora, aposta na economia angolana (o inverso também é verdade) como se ela fosse um milagroso remédio que tudo cura, nem que isso signifique engordar ainda mais os poucos que têm milhões em detrimento dos muitos milhões que têm cada vez menos.
Acontece que os angolanos mereciam, no mínimo, mais respeito. Não o tiveram e, é claro, não se vão esquecer.
Resta que os portugueses não se esqueçam que para lutar contra um cão, Portugal pediu ajuda a uma hiena. Estamos na fase em que a hiena está a arrumar com o cão. A seguir virá a fase em que a hiena vai comer Portugal.
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