As principais empresas e grupos empresariais angolanos contam maioritariamente com a presença de accionistas que são também figuras influentes no país, como demonstra a recente entrada da Unitel no capital do Banco de Fomento Angola (BFA).
Isabel dos Santos, filha primogénita do presidente angolano, é hoje uma das mais importantes empresárias do país e conseguiu na semana passada alargar a sua carteira de investimentos ao maior banco de Angola, o Fomento, do grupo português BPI.
A operadora angolana Unitel, que tem como principal accionista o grupo Geni, do qual faz parte Isabel dos Santos, vai comprar por 338 milhões de euros uma participação de 49,9 por cento do capital social do Fomento, que lhe dá direito a entrar também na gestão do BFA, segundo anunciaram as duas partes.
A Unitel, que tem perto de 4 milhões de clientes em Angola, é ainda participada pela Portugal Telecom, que detém 25 por cento do capital.
Além de investidora nos sectores do imobiliário e do turismo, um pouco por todo o país, Isabel dos Santos é também accionista do Banco BIC, aquele que mais rapidamente tem crescido num sector que, de acordo com a consultora Delloite, “continua a dar provas de forte dinamismo, reforçando o seu peso na economia”.
O BIC instalou-se recentemente em Portugal, onde terá como uma das suas principais missões servir de banco de investimento para fortunas angolanas e tem planos de expandir-se ainda para a República Democrática do Congo e Namíbia, numa estratégia de “apoio à internacionalização das empresas angolanas e portuguesas”.
O parceiro de Isabel dos Santos no BIC é o homem mais rico de Portugal, Américo Amorim, dono da maior corticeira mundial e ambos estarão também ligados na maior empresa portuguesa, a Galp Energia, de acordo com alguns analistas.
A Amorim Energia, (titulada por uma entidade offshore, “Esperanza”), que tem mais de um terço do capital da Galp, é participada em 45 por cento pela Sonangol, estando os restantes 55 por cento repartidos por grupo Amorim, Caixa Galicia e duas entidades "offshore" anónimas, que se julga poderem estar ligadas à maior empresária angolana.
As posições dentro desta “holding” têm de manter-se até fim de 2010, determina acordo parassocial entre os accionistas da Amorim Energia. Recentemente, o presidente da petrolífera italiana ENI, que também detém um terço da Galp, admitia sair da empresa portuguesa, prometendo desenvolvimentos dentro de "três a cinco anos".
Mas o rol de figuras influentes com presença de destaque no mundo dos negócios angolano inclui também dirigentes políticos, ministros, antigos governantes e até alguns familiares destas influentes figuras.
De acordo com o Semanário Angolense, publicado em Luanda, o Banco Comercial de Angola tem entre os seus accionistas três antigos primeiros-ministros - Lopo do Nascimento, França Van Dunen e Marcolino Moco – entre outros governantes.
Higino Carneiro, ex-ministro das Obras Públicas, criou a Cabuta Organizações, presente na agricultura, agro-indústria, hotelaria, banca e seguros, de acordo com o Diário Económico, de Lisboa.
José Pedro Morais, ministro das Finanças, Pedro Neto e Kundi Paihama são os detentores da Finangest, que é concessionária das lotarias angolanas, além de investidora na área da Saúde, refere o site da empresa.
Também com investimentos na área da saúde está o grupo Gema, detentor de salas de cinema, supermercados e accionista da Coca-Cola Angola, que é presidido pelo ex-chefe da Casa Civil da Presidência da República, José Leitão.
O general João de Matos, ex-chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas Angolanas e a sua Genius, que conta também com o ex-governador do Banco Nacional de Angola Mário Pizarro como accionista, tem ganho importantes concessões diamantíferas, como a recente do Cafulo (Cuando Cubango) e tem vindo igualmente a diversificar o negócio para áreas como as telecomunicações, imobiliário ou na energia.
Armindo César & Filhos, Imporáfrica, Macon, Mello Xavier, Pecus, Prodoil, Sagripek, Somoil e Suninvest são outros nomes de referência no universo empresarial angolano.
No sul do país, destaca-se o grupo angolano Valentim Amões, cujo fundador e seu sucessor morreram num acidente de viação no início do ano.
Segundo a newsletter Africa Monitor, o grupo deverá em breve contar com um novo parceiro, na sequência de um processo de selecção a cargo da firma de consultoria internacional Ernest & Young.
Com um património avaliado em mil milhões de dólares, o grupo Amões está a despertar o interesse activo da elite empresarial angolana e em cima da mesa estará já uma proposta de 200 milhões de dólares em troca de 30 por cento do capital do grupo.
In: http://www.macauhub.com.mo/pt/news.php?ID=6110
In: http://www.macauhub.com.mo/pt/news.php?ID=6110
2 comentários:
Angola não é um país. É um poço, um fosso, um abismo petrolífero.
Gil Gonçalves
A minha avó nasceu em Angola, a família do meu namorado é de Angola e provavelmente o meu futuro passará por Angola pois o meu namorado irá para lá trabalhar.
Sou Eng. Agro-industrial e vou à procura de emprego para Luanda.
Assusta-me o facto da promiscuidade que existe entre empresas e governo, mas a realidade é que essa promiscuidade também por cá existe, é só pensar no caso Free Port!
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