Os líderes regionais que debateram, no Chile, a crise na Bolívia deram total apoio ao presidente Evo Morales. Apesar disso, o cenário de guerra civil ou desintegração ganha contornos mais claros. Um governador foi preso.
Apesar do apoio dos seus homólogos Lula da Silva (Brasil), Cristina Kirchner (Argentina), Álvaro Uribe (Colômbia), Rafael Correa (Equador), Fernando Lugo (Paraguai), Tabaré Vázquez (Uruguai) e Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales tem internamente um "osso" cada vez mais duro de roer.
Observadores internacionais acreditam que, com ou sem cedências à Oposição, Evo Morales está a levar o país para uma de duas saídas, qual delas a mais perigosa: desintegração ou guerra civil. De acordo com o jornal "The Washington Post", ao tentar copiar o modelo de socialismo autoritário de Hugo Chávez, Morales "polarizou o país em facções geográficas e étnicas, colocando-o em risco de desintegração ou guerra civil".
Embora escudado no vasto e claro apoio dos países da região, Morales deverá tentar um acordo com os governadores da Oposição (ver caixilho), procurando conciliar o centralismo presidencial que defende com alguma autonomia regional.
Mas, para que isso ocorra, Morales terá de aceitar, como defendem alguns dos seus ministros mais moderados, que não pode impor o seu programa de forma linear em todo o país, sobretudo na Região Leste.
Embora em fim de mandato, a Administração Bush, bem como o Congresso dos EUA, poderão avançar com a tese de que as relações comerciais com a Bolívia ficam condicionadas até que exista um acordo entre Morales e a Oposição que coloque fim ao uso da força por ambas as partes e que preserve uma democracia liberal.
Apesar de manter negociações com a Oposição, em que está representado por Álvaro García Linera, vice-presidente, Morales continua a usar a força para, diz, manter a ordem pública.
Em Santa Cruz, uma das cinco províncias que rejeitaram a política de Morales, está ocupada pelo Exército e sob lei marcial, após distúrbios nos quais morreram pelo menos 30 pessoas.
Também o governador de Pando, Leopoldo Fernández, foi ontem detido por ordem do Governo Federal, acusado de encomendar os confrontos com as autoridades centrais. Fernández foi preso pelos militares que ocupam desde sexta-feira a cidade de Cobija, capital de Pando, tendo sido encaminhado para a capital do país, La Paz.
Na véspera da sua detenção, em entrevista à agência Reuters, Fernández afirmou que os militares estavam a prender líderes civis da região e não, "como seria de esperar, criminosos".
O próprio Evo Morales fez questão de anunciar a prisão de Fernández, explicando que "foi iniciado um processo judicial de genocídio contra o governador de Pando".
"O caso da prisão do governador foi uma acção legal e constitucional, e as Forças Armadas estão a cumprir com o que é exigido", disse Morales, escusando-se a responder se falar de genocídio não era um exagero.
Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)/Orlando Castro
Apesar do apoio dos seus homólogos Lula da Silva (Brasil), Cristina Kirchner (Argentina), Álvaro Uribe (Colômbia), Rafael Correa (Equador), Fernando Lugo (Paraguai), Tabaré Vázquez (Uruguai) e Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales tem internamente um "osso" cada vez mais duro de roer.
Observadores internacionais acreditam que, com ou sem cedências à Oposição, Evo Morales está a levar o país para uma de duas saídas, qual delas a mais perigosa: desintegração ou guerra civil. De acordo com o jornal "The Washington Post", ao tentar copiar o modelo de socialismo autoritário de Hugo Chávez, Morales "polarizou o país em facções geográficas e étnicas, colocando-o em risco de desintegração ou guerra civil".
Embora escudado no vasto e claro apoio dos países da região, Morales deverá tentar um acordo com os governadores da Oposição (ver caixilho), procurando conciliar o centralismo presidencial que defende com alguma autonomia regional.
Mas, para que isso ocorra, Morales terá de aceitar, como defendem alguns dos seus ministros mais moderados, que não pode impor o seu programa de forma linear em todo o país, sobretudo na Região Leste.
Embora em fim de mandato, a Administração Bush, bem como o Congresso dos EUA, poderão avançar com a tese de que as relações comerciais com a Bolívia ficam condicionadas até que exista um acordo entre Morales e a Oposição que coloque fim ao uso da força por ambas as partes e que preserve uma democracia liberal.
Apesar de manter negociações com a Oposição, em que está representado por Álvaro García Linera, vice-presidente, Morales continua a usar a força para, diz, manter a ordem pública.
Em Santa Cruz, uma das cinco províncias que rejeitaram a política de Morales, está ocupada pelo Exército e sob lei marcial, após distúrbios nos quais morreram pelo menos 30 pessoas.
Também o governador de Pando, Leopoldo Fernández, foi ontem detido por ordem do Governo Federal, acusado de encomendar os confrontos com as autoridades centrais. Fernández foi preso pelos militares que ocupam desde sexta-feira a cidade de Cobija, capital de Pando, tendo sido encaminhado para a capital do país, La Paz.
Na véspera da sua detenção, em entrevista à agência Reuters, Fernández afirmou que os militares estavam a prender líderes civis da região e não, "como seria de esperar, criminosos".
O próprio Evo Morales fez questão de anunciar a prisão de Fernández, explicando que "foi iniciado um processo judicial de genocídio contra o governador de Pando".
"O caso da prisão do governador foi uma acção legal e constitucional, e as Forças Armadas estão a cumprir com o que é exigido", disse Morales, escusando-se a responder se falar de genocídio não era um exagero.
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