O MPLA ganhou. A UNITA (e a restante oposição) aceitou o resultados. Politicamente está tudo resolvido. Serão, pelo menos, mais quatro anos a somar aos 33 que já leva a comandar Angola. De qualquer modo, quer os donos da verdade em Angola quer os seus congénres mundiais, com Portugal à cabeça, não façam de nós estúpidos. Os angolanos merecem mais respeito.
Há muito que o MPLA, com o apoio de uma vasta máquina internacional, quer policial quer propagandística, preparou o terreno para ter o que queria. Usou sobretudo duas técnicas: comprar e intimidar. Da CNE aos órgãos de comunicação do Estado, dos governadores provinciais aos sobas, tudo estava bem controlado.
Tendo garantido a cegueira da comunidade internacional, para quem o essencial não eram as eleições ser livres mas evitar uma reedição do Zimbabué, o MPLA facturou como quis, onde quis e sempre que quis. O mundo estava preparado, quase sempre comprado, para reconhecer a vitória do MPLA. Portugal, pela voz do seu primeiro-ministro, quase que reconhecia a vitória mesmo antes das eleições, tal foi o nível de bajulação ao regime de Eduardo dos Santos.
Que as eleições não foram nem livres nem justas, todos sabem embora só alguns o digam. Todos olharam para Luanda, até mesmo a UNITA, esquecendo que foi nas províncias que a fraude, mais tosca nuns lados e mais afinada noutros, teve mais impacto. Luanda não foi mais do que uma cortina de fumo, também pensada pelos especialistas em conseguir os votos dos voluntários devidamente amarrados.
Creio, aliás, que o MPLA não queria um resultado tão expressivo já que, ao querer (como desejava a comunidade internacional) evitar uma eleição mugabiana acabou por ser uma cópia, ligeiramente de melhor qualidade, do Zimbabué.
Sendo, como tem acontecido ao longo dos últimos 33 anos, mais papistas do que o papa, os homens do MPLA aceleraram de tal maneira a manipulação que foram além do que estava previsto e do que fora aconselhado pelos especialistas internacionais. Ou seja, uma maioria qualificada sem necessidade de humilhar os adversários.
A comunidade internacional, com Portugal à cabeça, aproveitou mais esta oportunidade para fornecer mais uns quilómetros de corda ao regime do MPLA. Corda essa que, mais uma vez, o MPLA irá usar para enforcar os ocidentas. Só não vê quem não quer, que os donos do poder em Angola estão-se nas tintas para o chamado modelo ocidental de democracia.
Estão eles como está a Rússia que, entre outros, continua a ser o modelo que a Angola do MPLA quer seguir. Quer e tem de seguir, até porque há ainda muitas contas por pagar.
Mas, ao fim e ao cabo, quem ganhou não foi propriamente o MPLA. Foi José Eduardo dos Santos. E, com essa vitória, o presidente vai fazer uma purga no seio do partido. É só esperar para ver. E essa purga não constituirá sequer novidade, tanto no seio do MPLA como no contexto angolano. Infelizmente.
2 comentários:
Não falem à toa. O povo escolheu e esclareceu-vos que sempre quis o MPLA. Portanto fiquem quietinhos e façam uma boa duma cabidela com o galo.
È assim tão dificil aceitar a vontade do povo de Angola? Custa tanto crer que o povo escolheu o MPLA para governar nos próximos 5 anos porque acredita que este partido é o único que lhe confere garantias de estabilidade politica e social? Meus Deus, o povo assim escolheu, resta apenas a toda gente aceitar
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