Na entrevista que dei à secção de língua portuguesa da Rádio Deutsche Welle e que hoje foi transmitida, dia em que os novos deputados angolanos tomaram posse, entre os quais está, pelo MPLA, o mais velho parlamentar, com 94 anos, o rei Ekuikui IV, (ver Land Rover comprou o soba dos sobas) afirmei que os militares estávam subordinados ao poder político. Com esta afirmação estraguei tudo. Pudera!
E estraguei tudo porque, na verdade, é o contrário. Basta ver que, por exemplo, o general Hélder Vieira Dias, Kopelipa, é, no mínimo, o braço direito de Eduardo dos Santos na escolha do novo Governo. Ou ainda, que Paulo Kassoma, o novo-primeiro-ministro, é também general.
Os militares em África em geral e em Angola em particular são quem, de facto, tem o poder. Pouco importa se é estritamente militar ou político. A subordinação do poder militar ao político ainda está, em Angola, a dar os primeiros passos. É preciso tempo para que cada macaco regresse ao seu galho. A paz ainda é recente e, por isso, ainda está tudo misturado.
Aliás, embora estajam muito calmos, os generais angolanos continuam a ter presente a sua velha tese herdada dos cubanos e russos: quem quer come, quem não quer morre.
Angola tem quase mais generais (entendidos figurativamente como sinónimo de militares) do que angolanos. Até agora a situação está controlada. Mas um dias destes é preciso quebrar essa velha escola de maus hábitos que é o ócio.
Portanto, não tardará a altura em que os militares angolanos vão ser “obrigados” a fazer uns exercícios num país vizinho. E, é claro, enquanto lá andam não porão em perigo a estabilidade política vigente.
Teria alguma razão se falasse dos militares sem patente. Era desses que eu queria falar. Não do general Kopelipa que, a título de exemplo, pagou um milhão de euros por duas quintas no Douro português para produzir e exportar vinho, ou do general Kundy Paihama “que semanalmente manda um avião para às suas fazendas buscar duas cabeças de gado; uma para ele e filhos e outra para os seus cães”.
Teria alguma razão se falasse dos militares sem patente. Era desses que eu queria falar. Não do general Kopelipa que, a título de exemplo, pagou um milhão de euros por duas quintas no Douro português para produzir e exportar vinho, ou do general Kundy Paihama “que semanalmente manda um avião para às suas fazendas buscar duas cabeças de gado; uma para ele e filhos e outra para os seus cães”.
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